São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2000


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ONU pede informações sobre vítima de tortura

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O relator especial da ONU Nigel Rodley pediu ao Ministério Público e à Corregedoria da Polícia Civil informações sobre o caso do feirante Anderson Carlos Crispiniano, 20, suposta vítima de tortura policial no Rio.
"As pessoas com quem eu falei parecem achar que houve algum tipo de negligência nesse caso", afirmou Rodley à Folha, depois de dizer que conversou longamente sobre a história de Crispiniano com o secretário de Segurança, Josias Quintal, e com o corregedor José Vercillo Filho.
O feirante foi tirado de sua casa, no morro do Adeus (zona norte), no dia 28 de junho. Passou 13 horas em cárcere privado, e sua família teve de pagar aos sequestradores R$ 5.000.
Crispiniano acabou morrendo em julho, com diagnóstico de septicemia. Os principais suspeitos são dois policiais da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) que fizeram uma incursão ao morro no dia.
Na semana passada, o corpo do feirante foi exumado, como parte da investigação conduzida pela corregedoria. Vivo, ele não foi submetido a nenhum exame de corpo de delito. Após sua morte, tampouco foi realizada autópsia.
Rodley pediu ao procurador-geral de Justiça, José Muiños Piñeiro Filho, informações sobre o caso. O procurador desconhecia a história, mas prometeu se inteirar do assunto e elaborar um relatório sobre os inquéritos do Ministério Público para apurar denúncias de tortura.
"Ele ficou muito surpreso com o fato de, no Brasil, a investigação da polícia ser independente da atuação do Ministério Público", disse Piñeiro.
Rodley também recebeu da Defensoria Pública um relato do caso de Robson Franco dos Santos, que teria sido espancado ao tentar fugir de um presídio do Rio.
Depois, o relator da ONU foi visitar um dos presídios do complexo de Bangu (zona oeste). Anteontem, Rodley visitou o internato Padre Severino.
Rodley não quis adiantar suas impressões sobre a visita ao Brasil. Relator da ONU sobre a tortura desde 1993, ele é advogado, professor universitário e cavaleiro do Império Britânico, com o título de sir.


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