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SS REFÉM
Antonio Pinto disse que nunca desconfiou dos planos do filho e que soube de tudo pela televisão; motorista afirma que empresário Silvio Santos o cumprimentou e disse que ele tem "ótimo filho"
Fernando estar vivo é vitória, diz pai
DA REPORTAGEM LOCAL
"Ele é um vitorioso." Assim o
motorista Antonio Sebastião Pinto definiu ontem à tarde o filho
Fernando Dutra Pinto, que manteve Silvio Santos como refém por
mais de sete horas. Falando baixo,
mas sem demonstrar hesitação, o
motorista enxergava vitória no fato de o sequestrador escapar com
vida "de um inferno".
Via também as mãos de Deus
em todos os passos que Fernando
trilhou desde a libertação de Patrícia Abravanel. Sustentava que a
providência divina levou o filho
de volta à casa de Silvio Santos.
"Se não tivesse ido até lá, Fernando estaria morto agora."
Antonio ficou quatro horas esperando no quarto do apresentador para falar com o filho.
Evangélico, o motorista mora
em um sobrado na Vila Progresso
(zona leste de SP) com a mulher,
outros cinco filhos e uma neta.
"Seu Silvio fez o que pôde para
ajudar Fernando", disse. O motorista contou que, tão logo as negociações acabaram, o dono do SBT
o cumprimentou: "Você tem um
ótimo filho. Um grande menino".
Descoberta
"Nunca desconfiei de nada", repetia o motorista sempre que lhe
perguntavam se sabia das intenções do filho. "Descobri pela TV."
O pai, que era motorista de uma
família nos Jardins- ele pediu
demissão-, foi trabalhar normalmente ontem. Por volta das
8h10, ouviu no rádio do carro que
um homem havia invadido a casa
do apresentador e que poderia ser
Fernando. Em seguida, o motorista recebeu telefonemas da família, que avisava que a polícia estava em sua casa querendo levar
parentes para a casa do apresentador. A filha Lilia seguiu de helicóptero. Antonio chegou de táxi
sozinho por volta de 10h30. Mostrou a identidade e rapidamente
ultrapassou o cordão de isolamento sem ser percebido.
Na casa, o motorista disse que
esperava "para dar uma palavra
de conforto" ao filho.
No início da tarde, Antonio e a
filha foram convidados a deixar o
quarto. Seguiram para uma varanda. Quando retornou, Fernando estava sentado, se trocando. O
pai acha que o filho ganhou roupas do apresentador.
"Abracei e chorei. Foi tudo muito rápido, nem três minutos, os
soldados estavam com pressa."
Fernando tinha faixas nos pés e
nas mãos. "Ele pediu perdão pela
decepção que nos causou. Eu o
perdoei", disse Antonio.
Segundo ele, o filho frequentou
a Assembléia de Deus até os 15
anos, depois disso, passou a portar armas e "tudo começou a piorar". "Sempre dei conselhos e dizia que era muito perigo. No começo usava [calibre" 22, 38. Havia
três meses estava com armas mais
pesadas", disse o motorista.
"Ele fez tudo para se tornar advogado. Formou-se em uma escola pública, fez cursinho neste ano,
mas não deu certo."
Para o pai, o filho aprendeu a
atirar assistindo filmes violentos.
De acordo com Antonio, Fernando não fez serviço militar. "Eram
os filmes favoritos dele. Foi
aprendendo tudo. Da mente dele,
nada", disse o pai de Fernando.
Antonio deixou o emprego.
Afirma que já vinha acertando
sua saída e que fez um acordo
com o patrão. Quer agora abrir
um negócio próprio.
Sobre Esdras, o outro filho que
participou do sequestro, Antonio
discorreu pouco. "É quieto, pacato. O inverso do Fernando, que
tem visão maior das coisas."
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