São Paulo, sexta-feira, 31 de agosto de 2001

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TRANSPORTES

Empresa afirma que não houve falha humana nem falta de manutenção e que indenizará família de vítima

Não dava para evitar acidente, diz Metrô

DA REPORTAGEM LOCAL

O Metrô encara os problemas verificados ontem de manhã na linha 3-Vermelha (Leste/Oeste) como uma fatalidade.
A empresa afirma que não era possível evitá-los e que não existe nenhum indício de que tenha havido falhas humanas ou falta de manutenção. "Não dava para verificar, não dava para prever", afirmou Décio Tambelli, diretor de operação do Metrô.
Segundo ele, a Comissão Permanente de Segurança da companhia vai investigar as causas do rompimento de um cabo e dos curtos-circuitos que resultaram em focos de incêndio nas proximidades dos trilhos.
Tambelli diz que foi oferecida ajuda à família de Maria Eroina da Silva, que morreu. A empresa, segundo ele, estava disposta a transportar seu corpo e custear as despesas funerais. Esse auxílio, porém, teria sido recusado pelos parentes. Ainda assim, ele afirma que há seguro de vida contratado pela Companhia do Metropolitano e que a família da vítima receberá indenização.

Negligência
O representante do Metrô negou que tivesse havido negligência no atendimento às vítimas. "Os funcionários fizeram aquilo que era possível", afirmou.
Questionado sobre a existência de apenas dois seguranças para ajudar a remover os passageiros dos vagões, Tambelli respondeu: "Não é apenas. Essa é a quantidade prevista para aquele horário, que não é de pico".
O diretor de operações disse que não foi a primeira vez que houve rompimento do cabo que leva energia aos trilhos de metrô. Esse tipo de ocorrência, segundo ele, acontece, no máximo, uma vez por ano. "Não dá para falar em culpa. Esses cabos não chegaram à vida útil. Não havia motivo para trocá-los."

Procedimentos
Sobre o fato de os primeiros focos de fogo terem sido detectados mais de meia hora antes da paralisação da composição 303 entre as estações Marechal Deodoro e Barra Funda, Tambelli afirmou que os procedimentos adotados foram corretos e que não havia indícios para suspender a circulação de todos os trens da linha desde aquele momento. "Como tudo é subterrâneo, não dava para associar uma ocorrência em Itaquera a um problema no cabo perto da Barra Funda."
Nesse período, houve suspensão apenas parcial dos serviços, das 4h45 às 5h05. Mas a operação acabou sendo retomada. "Eles [funcionários" fizeram uma vistoria nos trechos em que havia fogo. Checaram em cada ponto, mas não encontraram nenhum problema, nada de anormal. Por isso, autorizaram a liberação da via", disse Tambelli. "Não havia nenhuma sinalização no sistema de proteção elétrica que levasse os funcionários a pedir a interdição", afirmou.
O diretor de operação ressaltou ainda que, no momento do acidente, não houve muito tempo para encontrar alternativas e tomar decisões. "É uma questão de minutos para tomar as decisões, mas, mesmo assim, não houve nenhum problema."


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