São Paulo, Terça-feira, 31 de Agosto de 1999
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Em 89, 4 mandatos foram salvos no voto

MALU GASPAR
da Reportagem Local

Há dez anos quatro vereadores conseguiram driblar o último processo de cassação movido na Câmara antes da atual onda de escândalos. Brasil Vita, então no PTB, Antônio Sampaio (PDS), Jamil Achôa e Almir Guimarães, do PMDB, eram acusados de improbidade administrativa.
Eles assinaram documentos falsificados que autorizavam a manutenção do heliporto da Câmara, por meio de um contrato feito sem licitação. A reforma do heliporto foi superfaturada e paga duas vezes, mas não ficou pronta.
Os vereadores se defenderam afirmando que não sabiam das irregularidades. Os quatro, no entanto, devolveram à Câmara a quantia gasta com as obras.
Para barrar sua cassação, eles contaram com uma bem-sucedida operação política.
A Folha apurou que a Polícia Federal, que investigava o caso, preparava o indiciamento dos quatro para a véspera da votação. Os vereadores, então, enviaram um emissário à polícia, que conseguiu que eles não fossem indiciados naquele dia. O processo acabou sendo arquivado.
No plenário, foi costurado acordo sob o argumento de que a cassação só favorecia o PT, da então prefeita Luiza Erundina, que se defendia de denúncias de corrupção. No final, faltaram votos para cassar os quatro acusados.
Apenas Vita ainda está na Câmara, eleito pelo PPB. Antonio Sampaio já morreu, e os outros dois atuam como advogados.
Procurado pela Folha, Vita não quis comentar o assunto. Jamil Achôa, que tentou se reeleger duas vezes, diz que ainda estuda se candidatar a vereador nas próximas eleições, pelo PPB.
Para ele, todo o processo de cassação era "jogo político" de Eduardo Suplicy, então presidente da Câmara. "Não havia provas, não tínhamos nada a ver com as irregularidades. Tanto que não fomos nem processados." Almir Guimarães não foi encontrado em casa.
Por causa da fraude, o então diretor-geral, Oswaldo Quintino, foi condenado, na semana passada, a oito anos e meio de prisão. Quintino é chefe de gabinete de Maria Helena (PL), que também está com o mandato ameaçado.


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