São Paulo, Terça-feira, 31 de Agosto de 1999
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Leishmaniose cresce 143% em SP

EDMILSON ZANETTI
da Agência Folha,

em São José do Rio Preto O número de casos de leishmaniose visceral em humanos mais do que dobrou no Estado de São Paulo em agosto. Em duas semanas, os casos subiram de 7 para 17, um aumento de 143% em duas semanas.
Antes restrita a Araçatuba (532 km a noroeste de SP), a doença em humanos está se espalhando e contaminou uma pessoa em Birigui e outra em Andradina cidades vizinhas.
Araçatuba tem o maior número de casos: 15 pessoas estão em tratamento, das quais nove são crianças. Duas outras morreram este ano.
Segundo o médico José Roberto Borgh, diretor do Serviço de Vigilância Sanitária do município, as crianças são mais suscetíveis ao contágio pela doença por não terem imunidade.
Os sintomas característicos são febre contínua, emagrecimento, anemia, aumento do baço e do fígado.
Presente em outros 19 Estados, a leishmaniose visceral surgiu em São Paulo este ano, tendo Araçatuba como porta de entrada.
A doença preocupa pelo ritmo de avanço. Os dados do Estado e do município são divergentes, mas igualmente assustadores.
Segundo a DIR-6 (Direção Regional de Saúde), órgão da Secretaria da Saúde do Estado, além dos 17 casos positivos, existem 138 outros suspeitos em humanos em oito municípios da região noroeste.
Segundo o Serviço de Vigilância Sanitária, só em Araçatuba 236 pessoas estão na lista de casos suspeitos, já que apresentaram sintomas ou já se submeteram a exames sorológicos cujos resultados apontaram tendência para a doença.
O número de cães doentes é bem maior. Na cidade de Araçatuba foram sacrificados 2.819 animais este ano. O índice de positividade é de 42,90%, ou seja, de cada dois cães examinados, um tem a doença.

Mosquito
O mosquito transmissor da leishmaniose visceral, o Lutzomyia longipalpis, utiliza o cachorro como reservatório. Uma vez contaminado, o animal tem de ser sacrificado, por recomendação do Ministério da Saúde.
Além da presença do mosquito em praticamente todos os bairros, Araçatuba tem uma população canina estimada em 40 mil e uma população humana de 180 mil quase um cão para cada quatro moradores.
O mosquito transmite a doença depois de picar um cão contaminado. O período de incubação pode variar de 10 dias a 24 meses, o que, segundo os médicos, dificulta o diagnóstico precoce.
Além de Araçatuba, outras 20 cidades praticam a eutanásia canina, como forma de combate. Desde janeiro, foram mortos 3.173 animais.
Após cada caso humano confirmado, moradores de um raio de 200 metros do endereço do paciente se submetem a exames de sangue para saber se têm o vírus.



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