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Leishmaniose cresce 143% em SP
EDMILSON ZANETTI
da Agência Folha,
em São José do Rio Preto
O número de casos de leishmaniose visceral em humanos mais
do que dobrou no Estado de São
Paulo em agosto. Em duas semanas, os casos subiram de 7 para 17,
um aumento de 143% em duas semanas.
Antes restrita a Araçatuba (532
km a noroeste de SP), a doença
em humanos está se espalhando e
contaminou uma pessoa em Birigui e outra em Andradina cidades
vizinhas.
Araçatuba tem o maior número
de casos: 15 pessoas estão em tratamento, das quais nove são
crianças. Duas outras morreram
este ano.
Segundo o médico José Roberto
Borgh, diretor do Serviço de Vigilância Sanitária do município, as
crianças são mais suscetíveis ao
contágio pela doença por não terem imunidade.
Os sintomas característicos são
febre contínua, emagrecimento,
anemia, aumento do baço e do fígado.
Presente em outros 19 Estados,
a leishmaniose visceral surgiu em
São Paulo este ano, tendo Araçatuba como porta de entrada.
A doença preocupa pelo ritmo
de avanço. Os dados do Estado e
do município são divergentes,
mas igualmente assustadores.
Segundo a DIR-6 (Direção Regional de Saúde), órgão da Secretaria da Saúde do Estado, além
dos 17 casos positivos, existem
138 outros suspeitos em humanos
em oito municípios da região noroeste.
Segundo o Serviço de Vigilância
Sanitária, só em Araçatuba 236
pessoas estão na lista de casos suspeitos, já que apresentaram sintomas ou já se submeteram a exames sorológicos cujos resultados
apontaram tendência para a
doença.
O número de cães doentes é
bem maior. Na cidade de Araçatuba foram sacrificados 2.819 animais este ano. O índice de positividade é de 42,90%, ou seja, de cada dois cães examinados, um tem
a doença.
Mosquito
O mosquito transmissor da
leishmaniose visceral, o Lutzomyia longipalpis, utiliza o cachorro
como reservatório. Uma vez contaminado, o animal tem de ser sacrificado, por recomendação do
Ministério da Saúde.
Além da presença do mosquito
em praticamente todos os bairros, Araçatuba tem uma população canina estimada em 40 mil e
uma população humana de 180
mil quase um cão para cada quatro moradores.
O mosquito transmite a doença
depois de picar um cão contaminado. O período de incubação pode variar de 10 dias a 24 meses, o
que, segundo os médicos, dificulta o diagnóstico precoce.
Além de Araçatuba, outras 20
cidades praticam a eutanásia canina, como forma de combate.
Desde janeiro, foram mortos
3.173 animais.
Após cada caso humano confirmado, moradores de um raio de
200 metros do endereço do paciente se submetem a exames de
sangue para saber se têm o vírus.
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