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SAÚDE
Filho de mãe feliz se
desenvolve melhor
ANDRÉA PERDIGÃO GAYOTTO
especial para a Folha
O equilíbrio emocional da mãe
durante a gestação e a comunicação com o filho nos primeiros
dias de vida são fatores determinantes na formação da parte do
cérebro que controla a expressão,
os sentidos e as habilidades da
criança.
A conclusão é da pesquisadora,
pediatra e neonatologista Yole da
Cunha, que consolidou o conteúdo de vários estudos sobre o tema.
Segundo ela, o bebê humano é
geneticamente programado para
comunicar-se e tem condições de,
ainda na barriga da mãe, ter sensações de bem-estar ou mal-estar.
Essas sensações são transmitidas por substâncias químicas, a
partir das emoções da mãe. A insatisfação da gestante com a gravidez, por exemplo, terá reflexo
na formação cerebral do filho.
Até a 7ª semana de gestação, a
influência é nula. O bebê já traz
um projeto genético (registro de
informações transmitidas pelos
pais) de formação cerebral.
Da 7ª à 20ª semana, conclui-se a
formação do córtex (parte mais
externa do cérebro responsável
pela percepção, movimento, pensamentos e sentimentos).
Esse processo não depende apenas de informações genéticas,
mas também da comunicação da
mãe com seu bebê, chamada de
comunicação empática.
Nessa fase, a tranquilidade, a satisfação e a saúde da mãe podem
determinar avanços na boa formação do filho. As sensações desagradáveis, por sua vez, representarão uma carga negativa na
constituição do córtex.
Depois do nascimento
O amadurecimento da criança,
durante os três primeiros anos de
vida, também será determinantemente influenciado pelo tipo de
relação estabelecida com mãe, ou
adulto que cuida do bebê.
Segundo especialistas, o desenvolvimento adequado do cérebro
depende da capacidade da mãe de
organizar a rotina e de atender às
necessidades básicas do bebê.
O ponto chave da relação, porém, é a comunicação entre mãe e
filho. Pegar no colo, tocar a pele,
conversar e olhar nos olhos, faz
com o que bebê se sinta seguro,
tenha mais noção do próprio corpo e desenvolva habilidades.
Uma mãe que estiver deprimida
pode cuidar do bebê, satisfazendo
suas necessidades básicas, mas é
muito provável que não converse
com ele ou olhe nos seus olhos.
A incapacidade para se comunicar com o bebê mais intimamente, chamada por especialistas de
ausência psíquica, interfere na
maneira como a criança, e posteriormente o adulto, lida com as
próprias emoções, além de gerar
sensação desamparo e até microdepressão (leia sintomas ao lado).
Segundo Vagner Ranna, pediatra, psiquiatra e professor de psicossomática, o quadro depressivo
destrói a capacidade da mãe de
identificar-se com o bebê, cuidar
dele e compreender os seus sinais.
Incapaz de se comunicar pela
fala, a criança manifesta as dificuldades nas relações com os pais
apresentando sintomas físicos,
como alterações no sono, falta de
apetite, vômitos frequentes e atraso no crescimento, podendo contrair até mesmo doenças graves.
Para o psiquiatra, os sinais da
criança são um caminho para o
pai conhecer melhor e aprimorar
sua relação com o filho.
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