São Paulo, Domingo, 31 de Outubro de 1999
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Sem notícias, mães vão ao desespero

da Reportagem Local


A falta de informação e listas de menores com nomes trocados levaram ontem as mães ao desespero na frente da unidade da Febem da rodovia dos Imigrantes (zona sudeste de São Paulo). Algumas delas estão desde sábado passado, quando teve início a rebelião, sem conseguir notícias sobre os filhos.
A dificuldade em localizar os internos começou após as transferências. Dos 837 meninos que estavam na Febem, 684 foram transferidos para outras cinco unidades. Até as 14h30 de ontem, 153 internos ainda continuavam na Febem Imigrantes.
Segundo funcionários da instituição, as listas de internos ficaram prejudicadas porque muitos se negaram a divulgar seus nomes, alegando medo de ir para outras unidades.
"Não sei se meu filho está vivo ou morto ou se fugiu. Ninguém sabe onde ele está", disse a costureira Ana Maria da Silva, 37, que desde sábado tenta localizar seu filho de 15 anos.
Funcionários da Febem afirmaram que, na primeira contagem dos internos, segunda à noite, pelo menos 50 meninos se negaram a fornecer os nomes, o que dificulta a localização deles até para seus familiares.
As mães cujos filhos estavam na Imigrantes conseguiram entrar ontem para visitá-los.
"Não acreditei quando vi meu menino. Ele está bem, está com o pé cortado, mas graças a Deus eu sei onde ele está", disse a doméstica Iracema dos Santos Freire, que chegou a passar mal ontem, quando ainda não sabia o paradeiro do filho.
As mães que conseguiram localizar os filhos nas listas de transferência foram levadas em ônibus municipais para as unidades.
Até as 14h30 de ontem, seis ônibus levaram cerca de 200 familiares às unidades Tatuapé, Pinheiros e Raposo Tavares.
A intenção do governo do Estado é deixar a unidade Imigrantes completamente vazia ainda hoje.
O adolescente A.B.S., 15, foi o único interno a ser libertado ontem da Febem Imigrantes.
Seu advogado conseguiu uma autorização judicial, alegando que A. ficou 45 dias na unidade sem ser ouvido na Justiça, o que é irregular. A. vai permanecer em liberdade até ser julgado.


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