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CASO DINIZ
Tratados entre Brasil, Argentina e Chile começam a valer hoje; Justiça diz que não aceita mais exigências
Países assinam transferência antecipada hoje
AUGUSTO GAZIR
da Sucursal de Brasília
Representantes dos governos de
Brasil, Argentina e Chile assinam
hoje pela manhã os termos de antecipação de vigência dos tratados
de transferência de presos entre os
países, segundo anunciou ontem
o Ministério da Justiça.
Dessa forma, os tratados, já assinados pelos governos dos três países, passam a valer sem a aprovação do Congresso. As embaixadas
do Chile e da Argentina confirmaram que aceitaram a manobra jurídica apresentada pelo Brasil.
O acordo, que para o STF (Supremo Tribunal Federal) é "constitucionalmente questionável",
permite que os sequestradores
chilenos e argentinos do empresário Abílio Diniz, em greve de fome
há 45 dias, cumpram o restante da
pena em seus países de origem.
O ministro Renan Calheiros
(Justiça) disse, por intermédio de
sua assessoria de imprensa, que o
governo não aceita mais exigências dos presos e que cada setor
envolvido deve agora assumir sua
responsabilidade.
Segundo a assessoria, o governo
federal encerra hoje sua participação no caso e espera agora as cartas dos presos com o pedido de
transferência para mandá-los de
volta a seus países.
Ontem à tarde, o secretário nacional dos Direitos Humanos, José
Gregori, afirmou que tinha informação dada pelos advogados dos
sequestradores de que eles aceitariam a solução do governo.
Brasileiro
Gregori reafirmou que a situação do sequestrador brasileiro
Raimundo Costa depende de decisão da Justiça sobre a progressão
de sua pena. Quando iniciaram a
greve, os presos exigiam a expulsão dos estrangeiros e indulto ao
brasileiro.
Sobre a recomendação e a jurisprudência contrária do STF, Gregori disse que a Constituição fala
de "referendo" do Congresso para os acordos internacionais. Logo, uma das interpretações possíveis da lei é que o Legislativo não
precisa necessariamente aprovar,
pode também ratificar.
O dia de ontem foi tomado por
negociações. No Ministério da
Justiça, assessores jurídicos do governo redigiram o termo da vigência antecipada.
Enquanto isso, o Itamaraty negociava com as embaixadas chilena e argentina.
"Concordamos que a fórmula
negociada foi a mais adequada para solucionar o problema. Vimos
de maneira muito favorável", disse o embaixador chileno no Brasil,
Juan Martabit.
Nos termos que serão assinados
hoje pelos embaixadores e por Renan Calheiros, Chile e Argentina
os países se comprometem a devolver os presos, caso o parlamento de um dos países vote contra o
acordo de transferência.
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