Delegado responsabiliza quatro por morte de menina atingida por jet ski

A Polícia Civil concluiu que ao menos quatro pessoas contribuíram para a morte de Grazielly de Almeida Lames, 3.

Elas foram indiciadas sob suspeita de homicídio culposo (sem intenção de matar).

A garota morreu depois de ser atropelada por um jet ski na praia de Guaratuba no sábado de Carnaval, em 18 de fevereiro, em Bertioga.

O veículo estava nas mãos de um adolescente de 13 anos.

Os indiciados foram o empresário José Augusto Cardoso Filho, dono do jet ski e padrinho do jovem, o caseiro Erivaldo de Moura, funcionário de Cardoso que levou a embarcação para o mar, e os mecânicos Thiago Veloso Lins e Ailton Bispo de Oliveira.

O adolescente deverá responder por ato infracional. Cabe ao Ministério Público decidir se pedirá condenação.

PRÉ-CANDIDATO

Para a polícia, Cardoso, pré-candidato do PSDB à Prefeitura de Suzano, foi imprudente ao autorizar seu afilhado a usar a embarcação -um jet ski só pode ser conduzido por quem tem 18 anos ou mais.

No entendimento do delegado-seccional de Santos, Rony da Silva Oliveira, que conduziu as investigações, o caseiro Moura poderia ter se negado a levar o veículo para o mar e entregar a chave do jet ski para o garoto.

Já os mecânicos, segundo o policial, foram indiciados porque dois dias antes do crime fizeram a manutenção do equipamento e atestaram que estava em perfeitas condições.

Contudo, os mecânicos não notaram que o eixo da borboleta do cabo do acelerador estava enferrujado. Essa peça fica na parte interna do jet ski e, quando enferrujada, acaba travando o cabo do acelerador, dificultando a desaceleração do veículo.

Com base no laudo pericial e no depoimento de testemunhas, a dinâmica do acidente foi a seguinte: 1) ordenado pelo dono do jet ski, o caseiro levou o veículo para o mar; 2) o jovem liga o veículo, o acelera e cai na água junto com um amigo; 3) como havia uma peça enferrujada a desaceleração demora cerca de 25 segundos para ocorrer; 4) nesse trajeto, em alta velocidade, o equipamento atropela duas pessoas, uma mulher que teve ferimentos leves e Grazielly, atingida praticamente na areia da praia.

INTERVENÇÃO

Antes de ser transferido para Santos, o caso era investigado pela delegacia de Bertioga. Quando estava prestes a concluir a investigação, o delegado Maurício Barbosa disse que não indiciaria ninguém. A cúpula da Polícia Civil interveio no caso e acabou determinando que as investigações fossem levadas para a delegacia seccional.