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Altea Alimonda Sayegh (1919-2012)

Violinista mesmo de mãos vazias

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Nos últimos 20 anos, Altea Alimonda Sayegh não mais pegou seu violino. Mesmo assim, conta a família, continuava tocando o instrumento.

Téia costumava sentar-se no cantinho do sofá, quieta e de olhos fechados. O filho, ao vê-la assim, perguntava se não queria se deitar um pouco. Respondia que não. "Não me atrapalhe que estou tocando."

Mentalmente, repassava de ponta a ponta os concertos dos quais havia participado.

Natural de Araraquara, começou a tocar ainda pequena, depois que a mãe identificou o dom para a música nos filhos. Dois irmãos, Lydia e Heitor, tornaram-se pianistas.

O violino ela escolheu depois de ver um cigano tocar.

Muito determinada, aos nove anos pegava um trem para São Paulo -e depois um bonde- para ter aulas na Penha (zona leste). Voltava para Araraquara no mesmo dia.

Nos anos 40, após ganhar uma bolsa, foi a primeira brasileira aceita na Julliard School, em Nova York. Sustentava-se tomando conta da mãe do violinista Isaac Stern.

Durante a Segunda Guerra, foi aos campos de batalha tocar para os soldados.

De volta ao Brasil, casou-se em 1953 com Emílio, um joalheiro. Suspendeu a carreira para ter seus três filhos. Integrou depois o Trio Schubert e fez concertos pelo país.

Trabalhou para popularizar a música clássica com o evento Segundas Musicais. Nos anos 90, tocou com a orquestra de Roberto Carlos.

Adorava ir ao cinema e ao teatro. Era comum chorar ao assistir a algum concerto.

Viúva desde 1993, morreu na terça (8), aos 92, após sofrer uma parada cardíaca. Teve quatro netos e um bisneto.

coluna.obituario@uol.com.br

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