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Grupo teatral 'As Travestidas' inclui em calendário fotos em alusão a quadros religiosos e provoca reações contrárias no Ceará

Reprodução
As versões para a "A Última Ceia", de Leonardo da Vinci, e "La Pietà", de Michelangelo
As versões para a "A Última Ceia", de Leonardo da Vinci, e "La Pietà", de Michelangelo

NATÁLIA CANCIAN
DE SÃO PAULO

Em "O Último Truque", um grupo de 12 travestis cerca uma mesa repleta de perucas, plumas e sandálias, num cenário que remete à "Última Ceia", de Leonardo da Vinci.

A imagem integra um calendário produzido pelo grupo teatral "As Travestidas", do Ceará, que está causando polêmica no Estado.

Tudo começou com uma reclamação do deputado estadual Fernando Hugo (PSDB) em sessão da Assembleia nesta semana, para quem três imagens do calendário "desrespeitam, chacoalham e agridem o mundo cristão. É uma aberração."

Hugo diz que enviou uma carta ao arcebispo de Fortaleza, Dom José Aparecido, e pediu à Promotoria para que investigue o caso. O deputado também questiona o fato de o calendário ter a logomarca da Prefeitura de Fortaleza.

O pároco da Catedral de Fortaleza, padre Clairton Alexandrino de Oliveira, defendeu a reação.

"Não se trata de uma posição homofóbica. Não aceitamos isso. Mas não se pode ter os símbolos e imagens da nossa fé e da maioria dos brasileiros vilipendiados. Eles resolveram brincar com o que é sagrado", disse.

A deputada evangélica Silvana Oliveira de Sousa (PMDB) também pediu que a prefeitura retirasse as imagens de circulação. "É o fim dos tempos", disse.

Responsável pelo produto, o ator Silvero Pereira diz que a ideia era gerar "visibilidade positiva para o mundo travesti e transexual" e que a intenção não era abordar religião, mas "fazer uma releitura de obras clássicas".

Foram feitas 400 cópias do calendário, que também faz alusão aos Beatles e a Carmen Miranda, entre outros. O material, que era vendido a R$ 10 e distribuído gratuitamente em eventos, foi retirado de circulação.

Pereira diz que o calendário foi pago pelo grupo e com o cachê pago pela prefeitura após uma peça teatral.

O secretário de Direitos Humanos de Fortaleza, Demitri Cruz, diz que não sabia do teor das imagens e que pediu a retirada da logomarca da prefeitura.

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