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LIÇÕES CONTEMPORÂNEA
Aprofundar as mudanças
ALOIZIO MERCADANTE
O início de um novo ano é
sempre um momento oportuno para refletir sobre o que se
fez -ou se deixou de fazer- e
avaliar as perspectivas e as possibilidades do futuro.
Nos últimos três anos alcançamos algumas vitórias importantes. Apesar das restrições herdadas da administração passada,
conseguimos evitar a quebra da
economia, que parecia iminente
em 2002. Conseguimos também
reverter o ciclo de semi-estagnação que havia começado em 2001,
expandindo, embora aquém da
nossa expectativa, a produção e o
investimento, e diminuindo significativamente o desemprego. Interrompemos a trajetória de queda nos rendimentos dos trabalhadores e revertemos a tendência à
precarização do emprego, que vinha se acentuando há vários
anos, e criamos cerca de 4 milhões
de empregos formais. Expandimos e racionalizamos a política
social do governo, obtendo resultados importantes na melhoria
da distribuição de renda e na redução da miséria, beneficiando
milhões de famílias carentes. Modificamos o padrão de financiamento externo da economia e reduzimos substancialmente sua
vulnerabilidade. Duplicamos as
exportações, acumulando, nesses
três anos, saldo comercial de mais
de US$ 100 bilhões -tínhamos
herdado um déficit acumulado de
US$ 10 bilhões- e diminuímos
em 22,3% nossa dívida externa líquida, abatendo seu estoque e aumentando as reservas líquidas em
240%. Sustamos o processo de endividamento do Estado, que se
havia intensificado extraordinariamente no período de 1995 a
2002, e reduzimos o déficit nominal do setor público a 2,4% do
PIB -o menor nível dos últimos
dez anos.
Em síntese, revertemos, nesse
período, tendências estruturais
que se vinham consolidando nas
últimas décadas e criamos condições para viabilizar um novo ciclo
de crescimento sustentável da
economia brasileira. Mas há ainda um longo caminho a percorrer
para expandir e integrar a base
produtiva da economia e elevar
sua produtividade sistêmica, fortalecer a capacidade de investimento e regulação do Estado, ampliar os espaços de autonomia na
gestão dos recursos, do território e
das políticas nacionais, e tornar
mais homogênea a sociedade, eliminando a miséria, reduzindo a
desigualdade e universalizando
os direitos sociais.
O maior desafio, agora, é acelerar o crescimento econômico e
adequar o manejo das políticas
monetária, fiscal e cambial a esse
objetivo, preservando a estabilidade dos preços internos. Mas
também é preciso elevar a eficácia
das ações e dos recursos públicos,
mediante a reorganização administrativa e o melhoramento da
capacidade de gestão dos órgãos
do Estado; concluir a reforma tributária e implementar a política
de desenvolvimento regional; implantar o Fundeb, elevando os salários dos professores e ampliando a cobertura das ações a todo o
ensino básico; estabelecer a lei geral da micro e pequena empresas,
inclusive regulamentando a pré-empresa; e pautar a reforma política e eleitoral, essencial para superar a atual crise.
É fundamental que o Congresso
Nacional, apesar do ano eleitoral,
possa encaminhar essas matérias,
que são extremamente relevantes
para o país.
Aloizio Mercadante, 51, é economista e
professor licenciado da PUC e da Unicamp, senador por São Paulo e líder do
governo no Senado Federal.
Internet: www.mercadante.com.br
E-mail -
mercadante@mercadante.com.br
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