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PREVIDÊNCIA
Médicos reivindicam estruturação de carreira, novas contratações efetivas e paridade com outras categorias
Greve de peritos emperra no Orçamento
RÔMULO NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
A negociação entre governo e
médicos peritos da Previdência,
responsáveis pelos exames para a
concessão de benefícios como o
auxílio-doença e os benefícios por
invalidez, que estão em greve passou à alçada dos ministérios do
Planejamento e da recém-criada
Coordenação Política. A mudança ocorreu porque o entrave que
ainda resta é orçamentário.
Já tinha havido um acerto entre
os peritos e o Ministério da Previdência, em outubro do ano passado, que contemplaria as principais reivindicações dos médicos,
mas o aporte previsto para o aumento de salário -R$ 155 milhões- não foi provisionado no
Orçamento deste ano. O Planejamento e a Casa Civil limitaram o
aumento de recursos em R$ 39
milhões, que representariam um
aumento salarial de 20% a 25%.
A greve dos médicos peritos,
que está prestes a completar dois
meses, foi deflagrada no dia 3 de
dezembro e já é uma das mais
longas do funcionalismo público
brasileiro dos últimos tempos.
Mais longo do que ela, no entanto, foi o período de negociação
dos peritos com o Ministério da
Previdência antes da greve. As negociações já haviam passado por
cinco ministros da pasta.
Os efeitos da greve, à qual, segundo o INSS, aderiram 60% dos
peritos, foram minimizados pelo
atendimento dos médicos terceirizados, mas, ainda assim, o número de perícias realizadas por
mês foi reduzido em um terço,
passando de 300 mil para 200 mil.
Reivindicações
São três as principais reivindicações dos grevistas: realização de
um concurso público para a contratação de mais médicos peritos
-o último concurso foi realizado
em 1976-, a estruturação e o reconhecimento da carreira do médico perito, que hoje é classificado
como analista previdenciário, e a
equiparação salarial com outras
carreiras especializadas dentro da
estrutura previdenciária. Um auditor fiscal da própria Previdência
em início de carreira ganha cerca
de R$ 4.700, enquanto o médico
perito, com carga horária completa e 25 anos de carreira, pois
não há médicos novos contratados, ganha em média R$ 3.500.
Outra crítica dos grevistas é a
política de credenciamento dos
médicos terceirizados, que não levaria em consideração um estudo
da distribuição estratégica dessas
contratações. Segundo a Associação Nacional dos Médicos Peritos
da Previdência, essas contratações, que pagam R$ 21 por perícia
realizada, se justificariam em locais em que a demanda não comportasse a contratação de um médico para o quadro efetivo.
No entanto, as maiores concentrações de médicos terceirizados
são nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
O argumento do INSS é o de que
a média de remuneração de médicos terceirizados é menor -em
janeiro foi R$ 1.596- do que a remuneração média do médico do
quadro efetivo, de R$ 2.842.
Segundo a associação dos peritos, no entanto, o INSS enviou ao
Ministério Público uma lista das
20 maiores remunerações de médicos credenciados, e a de um médico de São Paulo chegou a cerca
de R$ 10 mil por mês, durante 12
meses. Além disso, os peritos terceirizados têm carga horária variável, de acordo com a demanda,
e têm outras fontes de renda.
Para a associação, as contratações de médicos terceirizados
obedecem a outros interesses que
não a economia de recursos, pois,
financeiramente, não se justificariam. Para os dirigentes da associação, as contratações podem ser
utilizadas politicamente.
Há no país 5.003 médicos peritos, dos quais a maioria, 2.636, são
credenciados, que não entraram
em greve. Apesar disso, várias cidades do Estado de São Paulo, como Araraquara, Jacareí, Caraguatatuba e Guaratinguetá, ficaram
sem atendimento de perícia, pois
não há médicos terceirizados e os
do quadro entraram em greve.
As negociações já definiram até
agora a contratação de mais 3.000
peritos nos próximos três anos.
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