São Paulo, segunda, 1 de fevereiro de 1999

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MERCADO TENSO
Presença de Stanley Fischer no país deve agilizar "revisão ampla", que pode liberar nova parcela do socorro
Vice do FMI chega para revisar acordo

Ichiro Guerra/Folha Imagem
Teresa Ter-Minassian, do FMI, durante reunião com o secretário-executivo da Fazenda, Pedro Parente


da Sucursal de Brasília


O vice-diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Stanley Fischer, chega hoje a Brasília para acelerar a revisão do acordo assinado em novembro com o governo brasileiro e acertar formas de intervenção no mercado de câmbio que poderão ser utilizadas pelo Banco Central.
Fischer -o segundo na hierarquia do Fundo- vem ao Brasil direto de Davos (Suíça), onde participou do Fórum Econômico Mundial, e deve permanecer em Brasília pelo menos até quarta-feira.
Fischer participará de discussões, amanhã e depois, com o ministro Pedro Malan (Fazenda) e com o presidente do Banco Central, Francisco Lopes, sobre a política monetária que o governo deverá manter para evitar a volta da inflação.
Missão negociadora do FMI, chefiada pela vice-diretora do Departamento para o Hemisfério Ocidental, Teresa Ter-Minassian, reuniu-se durante todo o dia de ontem com integrantes do governo, no Ministério da Fazenda.
O governo brasileiro tem pressa em fazer a revisão do acordo para garantir a liberação, ou mesmo a antecipação, da segunda parcela da ajuda financeira de US$ 41,5 bilhões acertada com o FMI, o Bird (Banco Mundial), BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e os países mais industrializados do mundo.
A liberação da segunda parcela do socorro financeiro estava prevista para acontecer no dia 21 de fevereiro, após checagem do cumprimento das metas acordadas com o Fundo pelo Brasil.
"Vamos chegar a um acordo que nos permitirá sacar a segunda parcela do acordo", disse o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente.
Metade da segunda parcela, de cerca de US$ 9 bilhões, é de responsabilidade do FMI e metade dividida entre Bird, BIS e os países industrializados, reunidos pelo BIS (Banco de Compensações Internacionais).
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Revisão ampla Parente disse ontem que o acordo com o Fundo passará por uma "revisão ampla" e, por isso, terá que ser submetido ao board (conselho) do FMI.
Mas a presença de Fischer no Brasil, diz Parente, "permite manter o ritmo das discussões e é um sinal importante para acelerar o processo (de revisão do acordo)".
Na reunião de ontem, os técnicos do FMI ouviram relato das autoridades brasileiras sobre a aprovação de medidas de ajuste fiscal pelo Congresso.
Segundo Parente, a situação "é muito superior à situação de partida no acordo anterior", quando estavam pendentes a aprovação da contribuição dos servidores inativos e a reforma da Previdência.
De todas as medidas do pacote fiscal de outubro, assim como do minipacote anunciado no final do ano, somente a recriação e aumento da alíquota da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) ainda depende de aprovação do Congresso.
Parente acha que o cumprimento dessas etapas do ajuste fiscal, previamente firmadas com o FMI, e o superávit primário de R$ 5,8 bilhões do governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central) em 99 "nos permitem readquirir credibilidade".
Na rodada de negociações de ontem os técnicos brasileiros e do FMI discutiram os cenários possíveis para a economia neste ano.
Dependendo do que for acordado sobre a taxa de crescimento ou o tamanho da recessão, o índice estimado de inflação e a taxa de juros, por exemplo, será definida a necessidade de novas medidas de ajuste, como cortes no Orçamento ou aumento de receitas.
Parente disse que o fato de o governo esperar por Fischer para definir a política monetária e as regras de intervenção no câmbio "não quer dizer que estejamos limitados ou parados na segunda-feira (hoje)".
"O Banco Central não está impedido de fazê-la, apenas achamos que é necessário que se estabeleça algum tipo de regra para essas intervenções", disse Parente.
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² LEIA MAIS sobre a crise nas págs. 2-2 a 2-5



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