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EVENTO FOLHA
Economistas reunidos em debate acreditam que atual situação não pode ser mantida por muito tempo
Juro alto é insustentável, dizem especialistas
da Reportagem Local
Os dias tensos
da última semana, com o dólar
se valorizando
constantemente
em relação ao
real, o Banco
Central elevando as taxas de juros e boatos sobre
um novo pacote econômico, ainda
não permitem saber se o Brasil vive
apenas uma fase de ajuste ou se
passa por uma grave crise cambial.
Na noite de sexta-feira, a Folha
reuniu quatro economistas para
um debate em torno dos cenários
possíveis para o país após a livre
flutuação do câmbio.
Apesar das divergências de análise sobre o momento e as perspectivas futuras para a economia, aparentemente um ponto obteve consenso entre os debatedores: a atual
política de juros altos é insustentável a longo prazo.
O encontro reuniu o presidente
do Banco do Brasil, Andrea Calabi,
o ex-presidente do Banco Central
Gustavo Loyola, o ex-diretor do
BC Paulo Yokota e o economista
Jorge Mattoso, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
A mediação coube ao articulista
da Folha Gilson Schwartz.
Da mesma forma que a livre flutuação do câmbio gera controvérsias entre os economistas, o mesmo acontece com as análises sobre
as políticas receitadas pelo Fundo
Monetário Internacional (FMI), de
alta nos juros e recessão.
O economista Paulo Yokota
acredita que "caminhamos de um
problema cambial para um problema de pagamentos externos".
Por este raciocínio, o Banco Central teria exagerado no aumento
das taxas de juros, criando uma
desconfiança entre os investidores
sobre a capacidade de pagamento
que afeta a credibilidade do país.
Na opinião do economista Jorge
Mattoso, a desvalorização abrupta
do real feita pelo governo foi tardia
e desastrada.
Da mesma forma, a política de
juros altos só fez aumentar a desconfiança sobre a capacidade de
pagamento da dívida pública.
Já o presidente do Banco do Brasil, Andrea Calabi, afirma que não
há dificuldade na gestão da dívida
pública e que, a partir das próximas semanas, o mercado financeiro tende a se acalmar.
"Falar em risco de moratória é
um despautério", disse Calabi.
"A situação do Brasil é delicada,
mas temos todas as condições de
ultrapassar esta fase", concordou
Gustavo Loyola, que também criticou qualquer alternativa que leve à
centralização do câmbio ou ao calote da dívida interna e externa.
O ex-presidente do Banco Central, no entanto, acha que seria
bom se houvesse um "adicional de
esforço fiscal", mesmo diante das
dificuldades de aprovação.
"A questão fiscal deve ser enfatizada neste momento", avaliou
Gustavo Loyola.
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