São Paulo, segunda, 1 de fevereiro de 1999

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Produtividade motiva corte

da Reportagem Local

A Ford não vai voltar atrás na decisão de demitir 2.800 funcionários da fábrica de São Bernardo. Os cortes não foram apenas uma resposta à queda de 30% nas vendas da marca em 98.
A principal meta com a redução de 41% do quadro é elevar a produtividade da fábrica, que está bem abaixo dos padrões da Ford em nível mundial.
Antes das demissões, a Ford contava com cerca de 6.800 empregados no ABC. A produção média, segundo cálculos da própria fábrica, era de, no máximo, 30 carros/ano por funcionário.
Com a redução de pessoal, a fábrica dobra a produtividade. Mas desde que toda a capacidade - 250 mil carros por ano- seja utilizada.
Só que este ano a Ford ainda não montou nenhum carro no ABC, por causa da ocupação da fábrica pelos funcionários demitidos. Quando retomar a produção, a meta é operar com 50% da capacidade, ou seja, cerca de 125 mil carros.
O que significa que há espaço para enxugar ainda mais o quadro de pessoal, se não houver reação do mercado nos próximos meses.
A comparação mais frequente dentro da própria Ford é com a fábrica inglesa de Halewood, que produz o Escort europeu. Com o mesmo custo de São Bernardo, Halewood produz três vezes mais.
Em relação à nova fábrica que a montadora começa a construir em Guaíba, no Rio Grande do Sul, o contraste é ainda maior. A Ford quer produzir 150 mil carros por ano com apenas 1.500 funcionários diretos, o que dá 100 carros/ ano por empregado.
Mas o que mais preocupa os executivos da Ford é que a montadora é menos produtiva do que as demais empresas instaladas no Brasil, tanto as que estão aqui há mais tempo como as recém-chegadas.
A Toyota, que monta o Corolla em Indaiatuba (SP), está atingindo a média de 60 carros por funcionários. A Chrysler, no Paraná, chega a 50 unidades/empregado.
Com as vendas em queda e perdendo participação de mercado para os concorrentes, a Ford Brasil tem dado prejuízo para a matriz nos últimos anos, embora os números não sejam divulgados.
A decisão de demitir agora foi tomada para estancar essas perdas. A produção de carros da Ford no Brasil -Ka, Fiesta e picape Courier- está toda concentrada no ABC, o que torna vital o desempenho da unidade para o resultado final. (APF)



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