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Desvalorização dá fôlego a autopeças
da Reportagem Local
A desvalorização do real vai acelerar o processo de nacionalização
dos carros produzidos no país, reduzir a importação de componentes e evitar as 30 mil demissões
previstas pelos fabricantes de autopeças para os próximos meses.
Quem descreve esse cenário otimista é Paulo Butori, presidente do
Sindipeças, sindicato que reúne as
empresas do setor.
"Com desvalorização do real, a
indústria de autopeças ganha
competitividade em relação ao
produto importado."
Segundo Butori, as montadoras
vão tentar elevar ao máximo o índice de nacionalização (percentual
de peças nacionais usadas na montagem dos veículos) no menor prazo possível.
Butori calcula que, em média,
haverá demora de cerca de seis
meses entre o recebimento dos novos pedidos das montadoras e as
primeiras entregas.
Isso porque a fabricação de determinados componentes exige a
montagem de uma nova linha de
produção e instalação de novos
equipamentos.
Para itens menos sofisticados,
como peças de borracha, a substituição das importações poderá ser
feita de maneira mais rápida.
Segundo Butori, a média de nacionalização dos veículos brasileiros já é alta, de cerca de 80%. Isso
porque a maior parte da produção
está concentrada nos veículos "populares" e pequenos", que chegam
a ter entre 90% e 95% de componentes comprados no país.
Apesar da produção recente de
alguns carros mais sofisticados no
país, que ainda dependem bastante de peças importadas, Butori calcula que 70% dos veículos têm índice de nacionalização superior a
85%. "Esse índice vai crescer rapidamente", prevê.
²
Exportação
Outro efeito da mudança da política cambial, segundo Butori, será
o aumento das exportações de veículos e componentes.
Para a indústria de autopeças, isso significa uma virada total nas
estimativas feitas no final de 98 sobre a balança comercial do setor
para este ano.
Os fabricantes de autopeças previam faturar cerca de US$ 4,5 bilhões em 99 com vendas para o
mercado externo, o que resultaria
em um déficit comercial entre 3% e
4%. "Agora o volume de exportações vai crescer e teremos um pequeno superávit", diz Butori, sem
arriscar números.
Ele não acredita na reabertura
das portas de empresas que foram
abrigadas a fechar ao perderem a
concorrência para o importado.
Para Butori, quem vai sair ganhando no primeiro momento são
as empresas estrangeiras que se
instalaram no país para atender às
montadoras e que agora vão receber um volume maior de pedidos.
(APF)
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