São Paulo, segunda, 1 de fevereiro de 1999

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Desvalorização dá fôlego a autopeças

da Reportagem Local

A desvalorização do real vai acelerar o processo de nacionalização dos carros produzidos no país, reduzir a importação de componentes e evitar as 30 mil demissões previstas pelos fabricantes de autopeças para os próximos meses.
Quem descreve esse cenário otimista é Paulo Butori, presidente do Sindipeças, sindicato que reúne as empresas do setor.
"Com desvalorização do real, a indústria de autopeças ganha competitividade em relação ao produto importado."
Segundo Butori, as montadoras vão tentar elevar ao máximo o índice de nacionalização (percentual de peças nacionais usadas na montagem dos veículos) no menor prazo possível.
Butori calcula que, em média, haverá demora de cerca de seis meses entre o recebimento dos novos pedidos das montadoras e as primeiras entregas.
Isso porque a fabricação de determinados componentes exige a montagem de uma nova linha de produção e instalação de novos equipamentos.
Para itens menos sofisticados, como peças de borracha, a substituição das importações poderá ser feita de maneira mais rápida.
Segundo Butori, a média de nacionalização dos veículos brasileiros já é alta, de cerca de 80%. Isso porque a maior parte da produção está concentrada nos veículos "populares" e pequenos", que chegam a ter entre 90% e 95% de componentes comprados no país.
Apesar da produção recente de alguns carros mais sofisticados no país, que ainda dependem bastante de peças importadas, Butori calcula que 70% dos veículos têm índice de nacionalização superior a 85%. "Esse índice vai crescer rapidamente", prevê.
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Exportação Outro efeito da mudança da política cambial, segundo Butori, será o aumento das exportações de veículos e componentes.
Para a indústria de autopeças, isso significa uma virada total nas estimativas feitas no final de 98 sobre a balança comercial do setor para este ano.
Os fabricantes de autopeças previam faturar cerca de US$ 4,5 bilhões em 99 com vendas para o mercado externo, o que resultaria em um déficit comercial entre 3% e 4%. "Agora o volume de exportações vai crescer e teremos um pequeno superávit", diz Butori, sem arriscar números.
Ele não acredita na reabertura das portas de empresas que foram abrigadas a fechar ao perderem a concorrência para o importado.
Para Butori, quem vai sair ganhando no primeiro momento são as empresas estrangeiras que se instalaram no país para atender às montadoras e que agora vão receber um volume maior de pedidos. (APF)



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