São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2005

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Palocci vê "descontrole" em gasto

DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI

O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse ontem que houve "descontrole" nos gastos da Previdência com auxílio-doença, item que, sozinho, respondeu por 30% do aumento do déficit previdenciário.
Palocci disse que o "descontrole" começou em 2001 (no governo Fernando Henrique Cardoso, portanto), a partir de uma série de modificações nas regras para a concessão do benefício, "regras que eu, mesmo sendo médico, não consegui entender".
O pico do "descontrole" se deu, no entanto, no ano passado, ou seja, já no segundo ano do governo Lula.
A Folha perguntou como era possível que o governo levasse dois anos para se dar conta de tão enorme desvio nas contas previdenciárias. "Aceito a crítica. Tem toda a razão", respondeu o ministro, em entrevista a jornalistas brasileiros na Embaixada do Brasil em Madri.
A revelação sobre o "descontrole" surgiu a partir da contestação de Palocci à críticas sobre o suposto excesso de gastos públicos.
O ministro disse que apenas "o déficit da Previdência está um pouco acima do razoável", mas negou que nas demais rubricas houvesse exageros.
Defendeu, por exemplo, o que ele e o presidente Lula chamam de "investimento social", como os gastos com programas assistenciais como o Bolsa-Família. "Nesse caso, não se trata de descontrole, mas de decisão de governo", afirmou.
No caso da Previdência, aí sim, diz o ministro, "há algum grau de risco com a evolução do déficit, que precisa ser atacado antes que nos ataque".

Novo ministro
Palocci elogiou o novo ministro da Previdência, o senador Romero Jucá, que assumiu com um programa de redução do déficit dos R$ 40 bilhões previstos para R$ 32 bilhões já neste ano, caindo para R$ 24 bilhões em 2006. "E com metas mensais de acompanhamento", entusiasma-se o ministro da Fazenda.
O programa de combate ao déficit e a fraudes já vinha sendo conduzido pelo ministro anterior, Amir Lando, inclusive com planos de recadastramento de segurados mais idosos.
A Folha quis saber se Palocci se sentia confortável tendo, para enfrentar fraudes na Previdência, um ministro acusado de dar como garantia para empréstimos fazendas que não existem, conforme informações publicadas pela Folha e outros jornais.
"Eu não vou comentar questões pessoais do ministro Jucá. Ele é um homem de bem e está dando as explicações necessárias", respondeu o ministro.
(CLÓVIS ROSSI)


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