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Palocci vê "descontrole" em gasto
DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse ontem que
houve "descontrole" nos gastos
da Previdência com auxílio-doença, item que, sozinho, respondeu
por 30% do aumento do déficit
previdenciário.
Palocci disse que o "descontrole" começou em 2001 (no governo
Fernando Henrique Cardoso,
portanto), a partir de uma série de
modificações nas regras para a
concessão do benefício, "regras
que eu, mesmo sendo médico,
não consegui entender".
O pico do "descontrole" se deu,
no entanto, no ano passado, ou
seja, já no segundo ano do governo Lula.
A Folha perguntou como era
possível que o governo levasse
dois anos para se dar conta de tão
enorme desvio nas contas previdenciárias. "Aceito a crítica. Tem
toda a razão", respondeu o ministro, em entrevista a jornalistas
brasileiros na Embaixada do Brasil em Madri.
A revelação sobre o "descontrole" surgiu a partir da contestação
de Palocci à críticas sobre o suposto excesso de gastos públicos.
O ministro disse que apenas "o
déficit da Previdência está um
pouco acima do razoável", mas
negou que nas demais rubricas
houvesse exageros.
Defendeu, por exemplo, o que
ele e o presidente Lula chamam de
"investimento social", como os
gastos com programas assistenciais como o Bolsa-Família. "Nesse caso, não se trata de descontrole, mas de decisão de governo",
afirmou.
No caso da Previdência, aí sim,
diz o ministro, "há algum grau de
risco com a evolução do déficit,
que precisa ser atacado antes que
nos ataque".
Novo ministro
Palocci elogiou o novo ministro
da Previdência, o senador Romero Jucá, que assumiu com um
programa de redução do déficit
dos R$ 40 bilhões previstos para
R$ 32 bilhões já neste ano, caindo
para R$ 24 bilhões em 2006. "E
com metas mensais de acompanhamento", entusiasma-se o ministro da Fazenda.
O programa de combate ao déficit e a fraudes já vinha sendo
conduzido pelo ministro anterior,
Amir Lando, inclusive com planos de recadastramento de segurados mais idosos.
A Folha quis saber se Palocci se
sentia confortável tendo, para enfrentar fraudes na Previdência,
um ministro acusado de dar como garantia para empréstimos fazendas que não existem, conforme informações publicadas pela
Folha e outros jornais.
"Eu não vou comentar questões
pessoais do ministro Jucá. Ele é
um homem de bem e está dando
as explicações necessárias", respondeu o ministro.
(CLÓVIS ROSSI)
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