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COLAPSO DA ARGENTINA
Porta-voz do Fundo diz que Argentina deve cumprir exigências para negociar novo empréstimo
Acordo com o FMI deve demorar ainda mais
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O FMI já não dá como certo o
envio de uma missão negociadora
para a Argentina no mês de maio,
como havia previsto a diretoria da
instituição e esperava o presidente Eduardo Duhalde.
"Não posso dizer que uma missão negociadora irá em maio, mas
ainda é possível", disse ontem o
porta-voz do Fundo, Tomas Dawson. "Podem viajar uma ou duas
missões técnicas e, depois, uma
missão negociadora. Não há como fazer uma previsão porque isso depende do progresso que eles
farão", afirmou Dawson, referindo-se ao cumprimento das condições para que a Argentina volte a
receber empréstimos do FMI.
Dawson negou ter havido uma
alteração oficial do calendário devido à renúncia do ex-ministro da
Economia, Jorge Remes Lenicov.
A Argentina parou de receber ajuda do Fundo em novembro passado. Em dezembro, abandonou
seu regime de conversibilidade,
deu um calote em sua dívida externa e desde então vive a pior crises econômica da sua história.
Agora, o país depende do envio de
uma missão negociadora para fechar um novo programa e receber
novos empréstimos. O Fundo
oferece o envio de missões técnicas, mas resiste a dar início às
conversas oficiais.
Dawson afirmou que o Fundo
ficou "encorajado" com o plano
de 14 pontos que o presidente
Eduardo Duhalde e os governadores das Províncias do país assinaram na semana passada. Mas
negou que o FMI esteja preparando um empréstimo de urgência
para a Argentina só para permitir
ao país repagar a parcela de suas
dívidas que vence em maio com o
próprio Fundo (US$ 400 milhões)
e com o Banco Mundial (US$ 800
milhões). "O ponto número um
do plano de 14 pontos diz que os
acordos com credores multilaterais serão honrados...Acreditamos na palavra deles."
A Argentina deve ao FMI US$
15,15 bilhões, sendo que US$ 4,8
bilhões vencem em 2002.
O porta-voz disse também que a
economia do país ainda está "volátil", que há "grandes riscos" e
desaconselhou o governo a intervir no câmbio para conter o valor
do peso. "A melhor maneira de
evitar a desvalorização excessiva
do peso não é intervir, mas avançar no processo de reformas."
Dawson informou que o novo
ministro da Economia argentino,
Roberto Lavagna, conversou
"longamente" na segunda-feira
com a vice-diretora gerente do
Fundo, Anne Krueger. Segundo
Dawson, Krueger transmitiu a Lavagna o "forte compromisso" do
Fundo em ajudar o governo da
Argentina a transformar suas intenções "num programa econômico coerente e sustentável".
O porta-voz deixou claro, no
entanto, que "a ação está no lado
da Argentina", sugerindo que a
instituição não formalizará um
novo programa enquanto o país
não cumprir as exigências feitas
pelo Fundo. "Presumindo que haverá progresso na efetivação de
elementos chaves do programa,
uma missão plena (do Fundo) retornará a Buenos Aires para continuar as negociações."
Dólar calmo
O dólar encerrou novamente
em baixa em um dia de negócios
calmos no mercado argentino. A
queda de 0,65% fez a moeda norte-americana encerrar vendida a
3,05 pesos. O Banco Central argentino não teve de intervir para
evitar a temida escalada no preço
da moeda dos EUA. Analistas do
mercado financeiro dizem acreditar que o dólar deve permanecer
sem maiores pressões nos próximos dias. Na semana, a baixa acumulada do dólar é de 7%.
Já as taxas de juros interbancárias subiram em um mercado
com poucos negócios fechados e
encerraram o dia a 140% anuais.
Quando a crise no sistema financeiro argentino se agravou no fim
de novembro, as mesmas taxas
superaram os 1.000% ao ano.
A balança comercial encerrou o
mês de março com um resultado
positivo de US$ 1,48 bilhão. A
queda das importações, prejudicadas pela alta do dólar, foi fundamental para o saldo positivo.
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