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RECEITA ORTODOXA
Se cotação ficar em R$ 2,90, endividamento cairá para 52% do PIB
Dólar "barato" reduz dívida pública
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A queda do dólar deve ajudar a
reduzir a dívida pública, segundo
estimativa do Banco Central. Se a
cotação da moeda se mantiver
próxima de R$ 2,90, a relação entre o endividamento e o PIB (Produto Interno Bruto) chegaria a
52%, nas contas do BC.
Em março, quando o dólar era
negociado a R$ 3,35, o endividamento de União, Estados, municípios e estatais somava R$ 888,14
bilhões, ou 55,3% do PIB. Desde
então, a valorização do real ajudou na redução desses valores.
Segundo o acordo fechado com o
FMI, a dívida, ao final do trimestre, não poderia ultrapassar R$
943 bilhões.
"O endividamento é bastante
sensível a oscilações da taxa de
câmbio", afirma o chefe do Departamento Econômico do BC,
Altamir Lopes. Cerca de metade
da dívida líquida do setor público
é corrigida pela moeda dos EUA.
Além de afetar o valor em reais
do endividamento externo, o dólar tem impacto sobre uma significativa parcela da dívida interna,
que é atrelada ao câmbio.
No ano passado, quando o dólar
chegou a ser negociado próximo
de R$ 4, a relação entre dívida e
PIB chegou a ultrapassar os 60%.
No início do ano, o governo estimava que essa proporção fosse recuar para 56% até o final do ano.
O ministro Guido Mantega
(Planejamento) destacou como
efeito positivo da queda do dólar a
redução da relação dívida/PIB.
Pelos números divulgados por
ele, se o dólar tivesse fechado ontem a R$ 2,90, essa relação teria fechado abril em 52,3%.
Indicador importante
A relação entre dívida e PIB é
um dos indicadores fiscais mais
acompanhados pelos credores do
governo: quanto maior o endividamento, maiores as dúvidas de
que os pagamentos possam continuar sendo feitos em dia.
No governo FHC, a preocupação com o tamanho da dívida pública só apareceu no final de 1998,
quando foi fechado o primeiro de
uma série de acordos com o FMI.
Na ocasião, o socorro financeiro
-US$ 41,5 bilhões- só foi liberado depois que a equipe econômica se comprometeu a iniciar
um programa de ajuste fiscal.
Esse ajuste consistia na busca de
elevados resultados fiscais primários (receitas menos despesas, exceto gastos com juros). O objetivo
era estabilizar a relação dívida/
PIB em 46,5% até 2001.
A desvalorização cambial e os
altos juros impossibilitaram o
cumprimento da meta. Ao final
do governo FHC, o endividamento do setor público representava
56,5% do PIB. No final de 1994, estava em 30% do PIB.
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