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RECEITA ORTODOXA
Ministro vê na redução da taxa instrumento para conter queda do dólar a fim de não prejudicar exportações
Juro menor combate "real forte", diz Furlan
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, defendeu a queda dos juros, hoje em
26,5% ao ano, para compensar a
atual valorização do real, que prejudica os exportadores.
"A sinalização de risco Brasil, de
um real mais apreciado e a queda
da inflação formam um conjunto
de fatores que favorece o início de
um programa de queda de juros",
disse o ministro, antes de se encontrar com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva para encaminhar as reformas tributária e previdenciária ao Congresso.
Furlan faz parte do grupo no governo que olha com apreensão a
queda do dólar. "Estamos próximos do patamar mínimo do dólar
que estimula a exportação", diz.
O ministro não foi tão radical
quanto o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que defendeu recentemente a intervenção do
Banco Central no mercado de
câmbio. O ministro da Fazenda,
Antonio Palocci Filho, já descartou em nome do governo a intervenção.
"Eu não defendo uma intervenção", concorda Furlan. No entanto, ele afirmou que "o governo
tem mecanismos que podem de
alguma forma modificar a trajetória do dólar". Um desses instrumentos, para o ministro, é a queda dos juros no curto prazo.
Palocci: sem data marcada
Questionado sobre a queda dos
juros, o ministro Antonio Palocci
Filho (Fazenda) disse: "Está chegando o momento de crescimento para o Brasil".
Ele afirmou que que não dá para
"marcar data" para a redução dos
juros, mas afirmou que esse é
"um desejo do governo e do país".
"Assim que a inflação der sinais
de controle, de queda, como começa a dar atualmente de forma
mais consistente, nós começaremos a criar as condições para reduzir os juros".
Palocci afirmou ainda que o governo vai repassar imediatamente
à população qualquer benefício
que seja resultante da melhoria
dos indicadores.
Furlan anunciou ontem que o
Codefat (Conselho de Desenvolvimento do Fundo de Amparo ao
Trabalhador) liberou R$ 5 bilhões
para o BNDES financiar exportações, sobretudo, para pequenas e
médias empresas.
O ministro do Planejamento,
Guido Mantega, disse ontem que
"vê com bons olhos" a queda do
dólar. Segundo ele, isso contribui
para reduzir a inflação e não está
prejudicando as exportações.
"Estão exagerando com essa
preocupação com o câmbio",
afirmou.
Um dos primeiros integrantes
do governo a chamar a atenção
para esse assunto, Mantega afirmou que "não há divergências"
no governo sobre a política cambial. "Estamos caminhando para
uma estabilidade cambial e quem
vai definir a cotação é o mercado.
A caminhada é livre e o câmbio é
flutuante."
"O câmbio ajuda, mas o desempenho das exportações não depende somente disso", afirmou
Mantega. Segundo ele, a produtividade das empresas exportadoras brasileiras cresceu nos últimos
anos, mas há outras mudanças
que precisam e estão sendo feitas.
Para o ministro do Planejamento, a queda na cotação do dólar
não está prejudicando as vendas
externas porque os exportadores
trabalham, nos contratos, com taxas diferentes das que são praticadas no mercado. De acordo com
ele, o que interessa para o setor é a
estabilidade cambial.
Com Vivaldo de Sousa, coordenador
de Economia da Sucursal de Brasília
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