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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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RECEITA ORTODOXA

Ministro vê na redução da taxa instrumento para conter queda do dólar a fim de não prejudicar exportações

Juro menor combate "real forte", diz Furlan

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, defendeu a queda dos juros, hoje em 26,5% ao ano, para compensar a atual valorização do real, que prejudica os exportadores.
"A sinalização de risco Brasil, de um real mais apreciado e a queda da inflação formam um conjunto de fatores que favorece o início de um programa de queda de juros", disse o ministro, antes de se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para encaminhar as reformas tributária e previdenciária ao Congresso.
Furlan faz parte do grupo no governo que olha com apreensão a queda do dólar. "Estamos próximos do patamar mínimo do dólar que estimula a exportação", diz.
O ministro não foi tão radical quanto o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que defendeu recentemente a intervenção do Banco Central no mercado de câmbio. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, já descartou em nome do governo a intervenção.
"Eu não defendo uma intervenção", concorda Furlan. No entanto, ele afirmou que "o governo tem mecanismos que podem de alguma forma modificar a trajetória do dólar". Um desses instrumentos, para o ministro, é a queda dos juros no curto prazo.

Palocci: sem data marcada
Questionado sobre a queda dos juros, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse: "Está chegando o momento de crescimento para o Brasil".
Ele afirmou que que não dá para "marcar data" para a redução dos juros, mas afirmou que esse é "um desejo do governo e do país". "Assim que a inflação der sinais de controle, de queda, como começa a dar atualmente de forma mais consistente, nós começaremos a criar as condições para reduzir os juros".
Palocci afirmou ainda que o governo vai repassar imediatamente à população qualquer benefício que seja resultante da melhoria dos indicadores.
Furlan anunciou ontem que o Codefat (Conselho de Desenvolvimento do Fundo de Amparo ao Trabalhador) liberou R$ 5 bilhões para o BNDES financiar exportações, sobretudo, para pequenas e médias empresas.
O ministro do Planejamento, Guido Mantega, disse ontem que "vê com bons olhos" a queda do dólar. Segundo ele, isso contribui para reduzir a inflação e não está prejudicando as exportações.
"Estão exagerando com essa preocupação com o câmbio", afirmou.
Um dos primeiros integrantes do governo a chamar a atenção para esse assunto, Mantega afirmou que "não há divergências" no governo sobre a política cambial. "Estamos caminhando para uma estabilidade cambial e quem vai definir a cotação é o mercado. A caminhada é livre e o câmbio é flutuante."
"O câmbio ajuda, mas o desempenho das exportações não depende somente disso", afirmou Mantega. Segundo ele, a produtividade das empresas exportadoras brasileiras cresceu nos últimos anos, mas há outras mudanças que precisam e estão sendo feitas.
Para o ministro do Planejamento, a queda na cotação do dólar não está prejudicando as vendas externas porque os exportadores trabalham, nos contratos, com taxas diferentes das que são praticadas no mercado. De acordo com ele, o que interessa para o setor é a estabilidade cambial.


Com Vivaldo de Sousa, coordenador de Economia da Sucursal de Brasília


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