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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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SAIA JUSTA

Núcleo para Gushiken causa desconforto

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

A criação do Núcleo de Assuntos Estratégicos, órgão ligado à Presidência da República encarregado de formular um plano de desenvolvimento para o país, criou uma saia justa entre os ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Luiz Gushiken (Comunicação). O núcleo será coordenado por Gushiken.
No domingo passado, Gushiken telefonou para Furlan para reparar o que ele chamou de "mal-entendido". Gushiken explicou que o núcleo não se encarregará de propor uma política industrial, mas de subsidiar o presidente nas decisões estratégicas para o desenvolvimento do país.
Segundo Furlan, a criação do núcleo é uma decisão de Lula e que não tem o que se opor a isso. "Não há conflito de interesses."
Furlan disse que seu ministério se encarregará do curto e médio prazos e que o núcleo irá pensar o longo prazo. Ele disse que ontem conversou bastante com o presidente Lula sobre o tema.
A Folha apurou, no entanto, que Furlan manifestou a algumas pessoas próximas um certo desconforto com a criação do núcleo.
A idéia inicial era que o vice-presidente, José Alencar, se encarregasse de cuidar do núcleo estratégico, mas ele não quis. Lula escolheu Gushiken para a coordenação do núcleo.
O Núcleo de Assuntos Estratégicos terá como principal objetivo o de prospectar investimentos em produtos e serviços que sejam de alto valor agregado para o país. O núcleo identificará a potencialidade dos investimentos e formulará propostas diretamente ao presidente da República.
Uma das peças-chave do núcleo será o empresário Eugênio Staub, presidente da Gradiente, que chegou a ser convidado para o ministério ocupado por Furlan.
Staub atuará como uma espécie de interlocutor da iniciativa privada no núcleo. Ele irá reunir um grupo de cerca de 30 empresários para formular uma ampla proposta de desenvolvimento para o país. O objetivo do núcleo é ambicioso. A pretensão é que ele tenha papel comparável ao do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek.
Não é a primeira vez que Furlan se vê numa saia justa no governo Lula. A primeira foi, ainda no final de 2002, quando Carlos Lessa foi convidado por Lula para presidir o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que é subordinado ao Ministério do Desenvolvimento.
Furlan queria dividir o BNDES para criar uma área voltada à exportação, mas Lessa vetou a idéia. Furlan recuou e os dois chegaram a um entendimento. "Meu entendimento com o Lessa é muito bom, conversamos todas as semanas, só não vamos ficar irradiando isso", disse o ministro.
Furlan afirmou que se sente muito à vontade no ministério, principalmente com o desempenho das exportações no início deste ano. Nos primeiros quatro meses, as exportações tiveram crescimento de US$ 4 bilhões -a metade da meta de expansão das vendas externas para este ano. O superávit comercial foi de US$ 5,5 bilhões. "Não dá para ficar animado com um resultado desses?"


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