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Brasileiro perde 10% da renda desde 96
BONANÇA MOUTEIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A metade dos trabalhadores
brasileiros cumpre jornada semanal de 40 a 48 horas, 54,2% dos
empregados têm carteira assinada, só 28,9% completaram o ensino médio e o rendimento médio
real encolheu 10,1% desde 1996.
Esse é o perfil do trabalhador
médio brasileiro, traçado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com base nos
dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios)
de 2001 e do Censo de 2000.
O levantamento aponta motivos para comemorar mais um Dia
do Trabalho e mapeia o desafio
que o governo tem pela frente para redimir algumas injustiças.
Entre as boas notícias, o destaque é a redução do trabalho infantil. O percentual da população de
10 a 14 anos trabalhando caiu de
20,4% em 1992 para 11,6% em
2001. Na faixa de 15 a 17 anos,
houve queda de 47% para 31,5%.
Outro destaque foi a valorização, ainda que modesta, do trabalho feminino. O rendimento médio das mulheres passou do equivalente a 60% para 70% do que os
homens recebem.
No terreno das más notícias,
uma das piores é o encolhimento
do mercado de trabalho. Entre
1992 e 1995, o índice de ocupação
esteve superior a 57% da população total, contra os cerca de 55%
mantidos nos anos seguintes. Em
2001, a taxa estava em 54,8%.
Para Vandeli Guerra, do Departamento de Emprego e Renda do
IBGE, a retração do mercado de
trabalho reflete fatores conjunturais da última década (políticas
públicas, crises econômicas, modernização e avanços tecnológicos) que provocaram ajustes na
força de trabalho.
Ela frisou, porém, que a pesquisa do IBGE não contabilizou a taxa de desemprego, considerada
um fator conjuntural. "O objetivo
foi traçar o perfil do trabalhador",
afirmou.
O percentual de empregados
com registro em carteira (incluindo funcionários da iniciativa privada, servidores públicos e militares) caiu para 66,1% em 2001, menos do que os 68,2% de 1992.
Mas são os trabalhadores rurais
os mais desfavorecidos. Boa parte
dos 33,9% de empregados sem
carteira assinada está no campo e
nas casas de família: corresponde
a 73,9% dos trabalhadores domésticos e a 71,6% dos empregados em atividades rurais. São, porém, índices menores do que os
82,4% (domésticos) e 75,4% (rurais) de dez anos antes.
Injustiça grave é o abismo entre
os grupos mais bem pagos e os
com remuneração menor. Os ministros homens de tribunais têm
rendimento médio mensal de R$
25.961 - categoria mais bem paga, segundo a pesquisa. Já a média
de renda das mulheres do setor
agrícola é de R$ 33,30 por mês.
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