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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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Brasileiro perde 10% da renda desde 96

BONANÇA MOUTEIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A metade dos trabalhadores brasileiros cumpre jornada semanal de 40 a 48 horas, 54,2% dos empregados têm carteira assinada, só 28,9% completaram o ensino médio e o rendimento médio real encolheu 10,1% desde 1996.
Esse é o perfil do trabalhador médio brasileiro, traçado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com base nos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2001 e do Censo de 2000.
O levantamento aponta motivos para comemorar mais um Dia do Trabalho e mapeia o desafio que o governo tem pela frente para redimir algumas injustiças.
Entre as boas notícias, o destaque é a redução do trabalho infantil. O percentual da população de 10 a 14 anos trabalhando caiu de 20,4% em 1992 para 11,6% em 2001. Na faixa de 15 a 17 anos, houve queda de 47% para 31,5%.
Outro destaque foi a valorização, ainda que modesta, do trabalho feminino. O rendimento médio das mulheres passou do equivalente a 60% para 70% do que os homens recebem.
No terreno das más notícias, uma das piores é o encolhimento do mercado de trabalho. Entre 1992 e 1995, o índice de ocupação esteve superior a 57% da população total, contra os cerca de 55% mantidos nos anos seguintes. Em 2001, a taxa estava em 54,8%.
Para Vandeli Guerra, do Departamento de Emprego e Renda do IBGE, a retração do mercado de trabalho reflete fatores conjunturais da última década (políticas públicas, crises econômicas, modernização e avanços tecnológicos) que provocaram ajustes na força de trabalho.
Ela frisou, porém, que a pesquisa do IBGE não contabilizou a taxa de desemprego, considerada um fator conjuntural. "O objetivo foi traçar o perfil do trabalhador", afirmou.
O percentual de empregados com registro em carteira (incluindo funcionários da iniciativa privada, servidores públicos e militares) caiu para 66,1% em 2001, menos do que os 68,2% de 1992.
Mas são os trabalhadores rurais os mais desfavorecidos. Boa parte dos 33,9% de empregados sem carteira assinada está no campo e nas casas de família: corresponde a 73,9% dos trabalhadores domésticos e a 71,6% dos empregados em atividades rurais. São, porém, índices menores do que os 82,4% (domésticos) e 75,4% (rurais) de dez anos antes.
Injustiça grave é o abismo entre os grupos mais bem pagos e os com remuneração menor. Os ministros homens de tribunais têm rendimento médio mensal de R$ 25.961 - categoria mais bem paga, segundo a pesquisa. Já a média de renda das mulheres do setor agrícola é de R$ 33,30 por mês.


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