São Paulo, Sábado, 01 de Maio de 1999
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Planalto usa tática para evitar pressão

da Sucursal de Brasília

O governo definiu uma estratégia para reduzir as pressões e manifestações das centrais sindicais por um aumento do salário mínimo maior do que o anunciado ontem.
A estratégia, elaborada pelo Ministério do Trabalho, consistiu em atender algumas reivindicações defendidas pelas centrais na semana da divulgação do reajuste do mínimo.
Duas reivindicações foram atendidas na última quinta-feira, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou no Palácio do Planalto medidas defendidas pelas centrais sindicais: um programa de habitação popular e outro para estimular a geração de empregos no país.
Sindicalistas de todas as centrais foram convidados para participar da solenidade, ocorrida um dia antes da divulgação do novo salário mínimo.
A Folha apurou que a CUT (Central Única dos Trabalhadores) chegou a preparar documento sobre o salário mínimo e pretendia entregá-lo ao presidente na cerimônia em que foram divulgados os dois programas.
A tentativa acabou sendo abortada pelo ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, durante reunião reservada com os sindicalistas antes da solenidade de divulgação das medidas.
Durante essa reunião, o sindicalista Marcelo Sereno, representante da CUT, disse a FHC que o presidente da central sindical, Vicente Paulo da Silva, não estava no encontro porque houve problema com o avião que o levaria de São Paulo para Brasília, mas que ele pretendia entregar um documento durante a cerimônia.
Dornelles havia acertado com os sindicalistas o anúncio das medidas, mas havia arrancado deles o compromisso de que, naquela solenidade, não se falaria em aumento de salário mínimo.
Ao tomar conhecimento do documento da central sindical, Dornelles teria dito, segundo um participante da reunião: "Se vocês querem colocar fogo no país por conta do salário mínimo, podem fazer isso amanhã, mas não hoje. Política é compromisso".
A CUT recuou e o documento acabou não sendo entregue ao presidente. Vicentinho nem apareceu no Palácio do Planalto.
A outra reivindicação dos trabalhadores que FHC atendeu ampliou a participação das centrais sindicais nos programas de requalificação profissional.


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