São Paulo, Sábado, 01 de Maio de 1999
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EXUBERÂNCIA
Analistas esperavam expansão de 3,3% no 1º trimestre; país completa 96 meses consecutivos de crescimento
PIB dos EUA cresce 4,5% e surpreende

RENATO FRANZINI
de Nova York

O governo dos EUA anunciou ontem que a economia do país cresceu a uma taxa anualizada de 4,5% no primeiro trimestre deste ano, completando 96 meses seguidos de crescimento -um recorde para período de paz.
O número surpreendeu analistas, que esperavam um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 3,3%, segundo pesquisa realizada anteontem pela rede NBC.
No último trimestre de 98, o PIB cresceu a uma taxa de 6%.
Segundo o Departamento de Comércio, o que manteve a economia crescendo a uma taxa acelerada foi um aumento nos gastos pessoais a uma taxa anualizada de 6,7% no primeiro trimestre, contra 5% no trimestre anterior.
Isso compensou a queda de 7,7% nas exportações e o aumento de 11,7% nas importações no período, o que indica, segundo economistas, um possível esfriamento na produção das companhias norte-americanas.
Os números divulgados são preliminares e, como de costume, serão revisados duas vezes, mas não devem mudar muito. Para o último trimestre de 98, a primeira estimativa de crescimento divulgada foi de 5,6%. Ficou em 6%.
O presidente Bill Clinton comemorou o fato. "É uma prova de que devemos manter nossa estratégia econômica. Forte crescimento, alto investimento, inflação baixa e baixo desemprego são uma combinação vitoriosa", disse em entrevista televisionada.
Para o segundo trimestre, o Departamento de Comércio prevê que a economia cresça a uma taxa de 2,5% a 3%.
Os números do PIB foram divulgados pela manhã e tiveram efeitos diferentes sobre a Bolsa de Nova York, que fechou em baixa de 89 pontos (0,82%), a 10.789 pontos.
A princípio, os investidores leram os números do Departamento de Comércio como sinais de força da economia americana. A Bolsa subiu 80 pontos e quase bateu a marca histórica de 11 mil pontos.
Mas a tendência mudou ao meio-dia, depois da divulgação de um relatório da Bolsa de Chicago indicando aquecimento da economia no Meio-Oeste.
Os investidores passaram a apostar então que o governo vá aumentar a taxa de juros para evitar um aumento na inflação.
A teoria econômica diz que quando um país cresce muito rápido os preços tendem a subir, entre outros motivos, porque as pessoas passam a ter mais dinheiro para gastar.
O índice de preços ao consumidor subiu 1% no primeiro trimestre, contra alta de 0,9% no último trimestre de 98.
Isso provocou uma corrida por títulos do governo, drenando dinheiro da Bolsa.
Outro fato que derrubou a Bolsa foi o anúncio de que o Departamento de Justiça está investigando 28 firmas de Wall Street, acusadas de combinar preços de comissões.
O departamento acredita que as empresas ferem leis antitruste por terem preços muito parecidos para executar uma operação conhecida como "underwriting".
Por essa operação, o banco garante a uma empresa, quando ela coloca ações ou títulos à venda, um ganho mínimo.
O Morgan Stanley Dean Witter, um dos investigados, realizou essa operação na semana passada na emissão de títulos que o Brasil fez em Nova York.


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