|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Consumidores podem pagar conta do acordo
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de decidir se o anexo 5 vale ou não, a grande dúvida é quem
vai pagar a conta final. Pelos cálculos do governo, a conta pode
superar os R$ 5,5 bilhões se o racionamento durar mais do que
sete meses.
Entre as distribuidoras, cresce o
movimento por um acordo que
inclua aumento de tarifas. O presidente de uma distribuidora disse à Folha que a idéia é que as geradoras paguem o anexo 5 em dinheiro e títulos.
Dentro de um ano, as geradoras
ganhariam um aumento de tarifa
como compensação. Para o consumidor, a conta de luz aumentaria em 15%.
"A expectativa das distribuidoras é que o prejuízo das geradoras
seja repassado aos consumidores
por meio de aumento de tarifa",
diz Marcos Chaves Ladeira, advogado especializado em energia,
sócio do escritório Pinheiro Neto.
Luiz Carlos Guimarães, diretor-executivo da Abradee, a associação das distribuidoras, nega que
as companhias tenham a intenção
de empurrar a conta do anexo 5
para o consumidor.
"A única coisa que reivindicamos é o cumprimento do contrato. Não somos nós, das distribuidoras, que devemos discutir como as geradoras devem pagar",
diz Guimarães. "Não apresentamos nenhuma proposta para solução do problema que falasse em
aumento de tarifas."
Embora esteja previsto em contrato, os advogados especializados em energia se dividem quanto
às chances de as distribuidoras
saírem com o dinheiro na mão.
Para Maurício Prado, do escritório L.O. Baptista, o mais provável é que o anexo 5 seja aplicado
agora e revisto no futuro. "O mais
provável é que os custos sejam repartidos entre as partes", diz ele.
Marcos Ladeira diz que existe
base jurídica para contestação do
anexo 5. A aplicação do anexo, segundo ele, ameaça o equilíbrio
econômico das geradoras, que é
garantido por outra lei.
Além disso, diz Ladeira, o anexo
5 não foi planejado para situações
críticas como a do racionamento
atual. Ele diz que a própria lei permite a alteração dos contratos caso as condições sejam diferentes
das previstas no anexo.
Segundo a Folha apurou, a primeira proposta do governo aprofundou o impasse. O secretário de
Energia de São Paulo, Mauro Arce, propôs uma revisão dos contratos que desagradou às distribuidoras. Elas exigem o cumprimento integral do anexo 5.
A decisão agora foi parar numa
comissão criada para discutir as
principais pendências do setor
elétrico, comandada pelo presidente do BNDES, Francisco Gros.
Texto Anterior: Salto no escuro: Racionamento pode virar grande negócio Próximo Texto: Apagão americano: Crise ameaça pôr Califórnia em recessão Índice
|