São Paulo, domingo, 01 de julho de 2001

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BANCOS
Para Michael Francis Geoghegan, instituições querem emprestar, mas pessoas estão adiando compras e empréstimos
Retração afasta o consumidor do crédito, diz HSBC

ESTELA CAPARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A retração econômica chegou à boca do caixa dos grandes bancos. O presidente do HSBC Bank Brasil, Michael Francis Geoghegan, afirma que a procura por crédito vem caindo rapidamente nas últimas semanas.
"As pessoas estão preocupadas e, por isso, estão adiando compras e empréstimos. É um problema de confiança", diz. O executivo nega que os bancos estejam fechando as torneiras para os empréstimos para investir em títulos públicos, mais rentáveis e menos arriscados. De acordo com Geoghegan, os bancos continuam oferecendo dinheiro porque disputam a atenção dos clientes. "Os bancos estão prontos para oferecer crédito, porque há competição entre as instituições financeiras. Os clientes é que estão cautelosos."

Retorno
Geoghegan afirma que os bancos estrangeiros estão estimulando a competição no mercado porque investiram muito dinheiro nas instituições que compraram no Brasil. Agora, precisam receber o retorno do investimento com as operações de crédito.
A retração econômica no Brasil, segundo Geoghegan, não vai afetar o setor bancário nos próximos meses. Segundo ele, os bancos estão preparados e com dinheiro em caixa para enfrentar a crise. Um novo processo de consolidação do sistema financeiro, segundo ele, só vai acontecer se os preços dos bancos à venda no mercado forem reduzidos. "O preço dos bancos é muito alto no Brasil. Possivelmente, estão superavaliados", diz Geoghegan. O HSBC já comprou três bancos brasileiros. Além do Bamerindus, o banco absorveu o Republic New York, da família Safra, e o CCF. Geoghegan nega que esteja de olho em um novo banco. No entanto, o HSBC se mantém alerta. Há três executivos no Brasil dedicados a avaliar novas compras.
Ele diz que, além da elevada taxa básica de juros, de 18,25% ao ano, outro fator ajuda a manter o preço do crédito nas alturas: o custo dos bancos. "O custo dos bancos no Brasil é um dos mais altos do mundo. A competição entre os bancos vai melhorar a qualidade e a eficiência das instituições, e isso terá impacto nos custos."

Pressão
Além da competição entre os bancos, outro fator vai estimular essas instituições a investir mais recursos na melhoria da eficiência dos processos e, assim, reduzir as taxas cobradas: a pressão do governo e da sociedade pela queda do custo do dinheiro. "Há uma pressão política para que os bancos reduzam as taxas de juros. O governo, todos querem que as taxas caiam."
Geoghegan está otimista com relação à capacidade do governo de enfrentar a crise de energia no Brasil, que já consumiu R$ 20 milhões dos cofres do banco até agora. "Os brasileiros têm mostrado uma capacidade melhor de lidar com a crise que as pessoas na Califórnia [que também enfrenta uma crise de energia"", diz.



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