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BANCOS
Para Michael Francis Geoghegan, instituições querem emprestar, mas pessoas estão adiando compras e empréstimos
Retração afasta o consumidor do crédito, diz HSBC
ESTELA CAPARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A retração econômica chegou à
boca do caixa dos grandes bancos. O presidente do HSBC Bank
Brasil, Michael Francis Geoghegan, afirma que a procura por crédito vem caindo rapidamente nas
últimas semanas.
"As pessoas estão preocupadas
e, por isso, estão adiando compras e empréstimos. É um problema de confiança", diz. O executivo nega que os bancos estejam fechando as torneiras para os empréstimos para investir em títulos
públicos, mais rentáveis e menos
arriscados. De acordo com Geoghegan, os bancos continuam
oferecendo dinheiro porque disputam a atenção dos clientes. "Os
bancos estão prontos para oferecer crédito, porque há competição entre as instituições financeiras. Os clientes é que estão cautelosos."
Retorno
Geoghegan afirma que os bancos estrangeiros estão estimulando a competição no mercado porque investiram muito dinheiro
nas instituições que compraram
no Brasil. Agora, precisam receber o retorno do investimento
com as operações de crédito.
A retração econômica no Brasil,
segundo Geoghegan, não vai afetar o setor bancário nos próximos
meses. Segundo ele, os bancos estão preparados e com dinheiro
em caixa para enfrentar a crise.
Um novo processo de consolidação do sistema financeiro, segundo ele, só vai acontecer se os preços dos bancos à venda no mercado forem reduzidos. "O preço dos
bancos é muito alto no Brasil.
Possivelmente, estão superavaliados", diz Geoghegan. O HSBC já
comprou três bancos brasileiros.
Além do Bamerindus, o banco absorveu o Republic New York, da
família Safra, e o CCF. Geoghegan
nega que esteja de olho em um
novo banco. No entanto, o HSBC
se mantém alerta. Há três executivos no Brasil dedicados a avaliar
novas compras.
Ele diz que, além da elevada taxa
básica de juros, de 18,25% ao ano,
outro fator ajuda a manter o preço do crédito nas alturas: o custo
dos bancos. "O custo dos bancos
no Brasil é um dos mais altos do
mundo. A competição entre os
bancos vai melhorar a qualidade e
a eficiência das instituições, e isso
terá impacto nos custos."
Pressão
Além da competição entre os
bancos, outro fator vai estimular
essas instituições a investir mais
recursos na melhoria da eficiência
dos processos e, assim, reduzir as
taxas cobradas: a pressão do governo e da sociedade pela queda
do custo do dinheiro. "Há uma
pressão política para que os bancos reduzam as taxas de juros. O
governo, todos querem que as taxas caiam."
Geoghegan está otimista com
relação à capacidade do governo
de enfrentar a crise de energia no
Brasil, que já consumiu R$ 20 milhões dos cofres do banco até agora. "Os brasileiros têm mostrado
uma capacidade melhor de lidar
com a crise que as pessoas na Califórnia [que também enfrenta
uma crise de energia"", diz.
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