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São Paulo, terça-feira, 01 de julho de 2003

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NO LIMITE

Saldo supera US$ 10 bi; "Vamos jogar para manter o resultado", afirma ministro

Balança tem recorde, mas perderá fôlego, diz Furlan

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nos próximos seis meses, as exportações ficarão praticamente estagnadas com relação ao mesmo período do ano passado, segundo o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. A valorização do real e um cenário negativo para a economia mundial impedem um desempenho mais favorável.
"Se fosse uma partida de futebol, estaríamos jogando no segundo tempo para manter o resultado. O que for feito a mais é lucro", afirmou o ministro, quando questionado sobre as expectativas de desempenho da balança comercial.
Em relação ao primeiro semestre, no entanto, as notícias para o comércio exterior permanecem boas, com recordes de exportações e do saldo comercial.
De janeiro a junho, o país vendeu mais que nunca para o exterior, US$ 32,658 bilhões, crescimento de 30,4% com relação a igual período de 2002 (o número deve crescer, pois falta contabilizar o último dia de junho).
O saldo no período, de US$ 10,272 bilhões, também foi o maior da história. O recorde anterior é de 1989 (US$ 8,986 bilhões).
No mês passado houve mais recordes. O saldo comercial de US$ 2,231 bilhões, resultado de exportações de US$ 5,530 bilhões e importações de US$ 3,299 bilhões, foi o melhor para um mês de junho. A média diária de vendas, de US$ 291,1 milhões, foi 42,7% maior que a de junho de 2002.

Perspectivas
Nos próximos seis meses o cenário não será tão favorável. A meta de exportações do governo neste ano é de US$ 68 bilhões. Para atingi-la, o país precisa exportar de julho a dezembro US$ 35,342 bilhões, apenas 0,09% a mais que no mesmo período de 2002.
Ou seja, o governo espera vendas externas estagnadas a partir de agora. Vale ressaltar, contudo, que mesmo o pífio crescimento garantirá ao país exportações recordes.
Furlan deixou claro que uma de suas principais preocupações é a valorização do real. "Se for mantida a taxa de câmbio no nível atual, não só as exportações [vão ser prejudicadas], como também as importações serão estimuladas."
O ministro afirmou que já há setores que perderam toda a rentabilidade por causa da desvalorização do dólar. "Esses setores estão exportando porque não há demanda interna". De acordo com Furlan, os exportadores afirmam que é preciso um câmbio entre R$ 3 e R$ 3,20 para que as vendas externas sejam estimuladas. Desde do final de maio, o dólar está abaixo de R$ 3.
"Vamos ter que jogar na defesa. Não sabemos como vão se comportar as importações", disse o ministro, que estima vendas mensais médias da ordem de US$ 6 bilhões até o final do ano -um pouco acima do necessário para cumprir a meta de exportações.
As importações, no primeiro semestre, fecharam em US$ 22,386 bilhões. Pela média diária, as compras cresceram 1,3%, muito pouco, levando-se em conta que no ano passado as importações caíram 15,01%
Não é apenas o dólar, que estará mais barato que no segundo semestre do ano passado, que prejudicará as exportações.
"Temos a conjuntura internacional que não ajuda", ponderou o ministro. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, a estagnação nos Estados Unidos, aliada ao real mais forte, implicará queda de quase 10% nas exportações de calçados neste ano, por exemplo.
O BC estima que o país acumulará um saldo de US$ 17,5 bilhões neste ano. No acumulado de 12 meses, o superávit está em US$ 20,822 bilhões. Furlan considera a estimativa do BC boa, mas afirma que, em condições normais de crescimento, o saldo comercial sustentável é de US$ 15 bilhões.


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