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ELÉTRICAS
Dilma vê relações indevidas
Governo quer separar geração da distribuição
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Na formatação em curso do novo modelo elétrico para o país, o
governo federal quer impedir a
autocontratação de energia por
empresas que são ao mesmo tempo geradoras e distribuidoras, casos das estatais Cemig e Copel, e
também combater o que a ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) chamou de "relações indevidas" entre geração e distribuição.
O que ocorre atualmente, segundo a ministra, que falou ontem para empresários da Fiemg
(Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), é que empresas geradoras vendem energia
para as suas distribuidoras por
preços muito acima dos praticados pelo mercado.
No caso da Cemig (Companhia
Energética de Minas Gerais) e da
Copel (Companhia Paranaense
de Energia), Dilma Rousseff disse
que será discutido com as estatais
estaduais "um processo de transição para a autocontratação" de
energia. Essas empresas, segundo
ela, terão que se desverticalizarem
(criar empresas para cada setor)
para participar do novo modelo
de elétrico.
"No que se refere às relações entre geração, transmissão e distribuição, a idéia é discutir para ver
se existe um modelo para proteger o consumidor contra políticas
de monopólio, de tal forma que,
mantida a empresa sob um título
único, [aplicar] o que é necessário
para que a geração e a distribuição não tenham relações indevidas", disse.
"Definitivamente, políticas desse tipo nós não vamos permitir
mais. Nós não iremos permitir
que uma empresa compre energia a R$ 150, R$ 170, quando existe
energia sendo produzida a menos
que isso. O novo modelo visa o
menor preço, a menor tarifa."
Quanto à desverticalização das
empresas estatais, o secretário de
Desenvolvimento Econômico de
Minas Gerais, Wilson Brumer,
disse que o governo mineiro é
contra a medida. Segundo Brumer, isso causaria um "risco gerencial", com elevação de tributos
que, no caso da Cemig, seria de R$
80 millhões por ano. Ele sugere,
por exemplo, que sejam feitas
contabilidades separadas em vez
de desverticalização.
Cemig e Copel, de acordo com o
secretário, vão se reunir para discutir alternativas e apresentá-las
ao ministério, mas Dilma Rousseff insiste na desverticalização,
afirmando que será um "modelo
único", de maneira que todas as
empresas terão que estar em igual
situação.
A ministra defendeu ainda que
a energia produzida por hidrelétricas antigas, que já não têm mais
custo de capital, tenham os seus
preços reduzidos. Essa "energia
velha", conforme disse, pode
compensar o preço maior cobrado pela "energia nova". "Energia
velha mais energia nova significa
tarifa menor", disse.
Mas Brumer disse que Cemig e
Copel querem discutir também
esse ponto, já que, segundo ele,
apesar de possuírem usinas em
depreciação, essas energias foram
pagas pelas empresas e seus investidores. "Temos que encontrar
uma forma que atenda à vontade
dela [ministra], mas também aos
anseios das empresas", disse.
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