|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRIBUTOS
Sonegação e inadimplência fazem país perder R$ 226,5 bi, diz IBPT
Sem evasão, carga iria a 51,5% do PIB
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O país perde, por ano, R$ 226,5
bilhões em impostos devido à sonegação e à alta inadimplência,
segundo estudo divulgado ontem
pelo IBPT (Instituto Brasileiro de
Planejamento Tributário). Não
fosse por essa evasão fiscal, a carga tributária brasileira seria de
51,48% do PIB (Produto Interno
Bruto), segundo o estudo.
No ano passado, o total de impostos pagos pela sociedade chegou a 36,45% do PIB e no primeiro trimestre deste ano já atingia
41,23% do PIB, segundo dados do
IBPT. "O modelo tributário está
moldado para arrecadar mais de
50% do PIB. Se todos pagassem os
impostos declarados e em dia, a
carga tributária já estaria nesse
patamar", diz Gilberto Luiz do
Amaral, presidente do IBPT.
Ele lembra que no cálculo do
PIB de R$ 1,321 trilhão do ano
passado, divulgado pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística), estão compreendidas as riquezas geradas pela economia formal e pelos setores informais. Amaral estima que entre
28% a 30% do PIB de 2002 venha
da economia informal.
Assim, no ano passado, a riqueza gerada pela economia formal
teria sido, segundo ele, de R$ 950
bilhões. Como a arrecadação ficou em R$ 481,69 bilhões, a carga
tributária efetiva já atinge 50,7%
do PIB da economia formal.
"No Brasil, quem paga impostos são as empresas e os trabalhadores da economia formal. É imprescindível que a reforma tributária reduza a taxação sobre esses
setores e passe a atingir a economia informal", diz Amaral.
Para isso, segundo ele, o governo deve aprimorar a fiscalização,
pois o peso dos impostos no setor
formal desestimula a produção e
o crescimento econômico.
No entanto, mesmo as empresas que trabalham à luz do dia,
sempre que podem, escapam do
fisco. No ano passado, a sonegação chegou a R$ 145,4 bilhões segundo o IBPT. Dados do estudo
mostram que os maiores índices
de sonegação ocorrem na área
trabalhista: 51,02% do recolhimento do INSS e do FGTS são sonegados. Em seguida vêem o
ICMS (28,02%), o Imposto de
Renda (26,77%), o Cofins
(25,11%), o PIS/Pasep (25,11%), o
IPI (23,02%), entre outros.
Outro estudo do IBPT, sobre a
carga tributária ideal, mostra que
a sonegação é maior no comércio.
Segundo o instituto, encontrou-se indícios de sonegação em
29,2% das empresas de varejo,
26,31% na indústria e 25,93% nos
serviços. Foram pesquisadas
7.102 empresas no total.
O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP),
Guilherme Afif Domingos, diz
que a inadimplência e a sonegação são resultado do aumento da
carga tributária que "explodiu há
uma ano e meio", e da "crise econômica".
Segundo dados do IBPT a inadimplência (atrasos de até um
ano) totalizou R$ 81,14 bilhões. Os
maiores índices também são na
área trabalhista: 18,71% do INSS e
do FGTS foram pagos com atraso.
Segundo Afif, se o governo quiser reduzir a inadimplência terá
de aumentar os prazos de recolhimento dos impostos. "As empresas têm que buscar dinheiro no
mercado, a juros elevados, para
honrar os impostos no vencimento", diz Afif. Ainda esta semana a
ACSP deverá procurar o governo
para pedir mudanças nos prazos
de pagamentos de impostos.
Texto Anterior: Elétricas: Governo quer separar geração da distribuição Próximo Texto: Trabalho: Desemprego se estabiliza em nível recorde Índice
|