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São Paulo, terça-feira, 01 de julho de 2003

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TRABALHO

Taxa atinge 20,6% da PEA na Grande São Paulo em maio, o maior índice para o mês desde 85, segundo o Dieese

Desemprego se estabiliza em nível recorde

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O desemprego em maio ficou estável na região metropolitana de São Paulo e atingiu 20,6% da população economicamente ativa (PEA) -mesmo percentual registrado em abril. Essa é, porém, a maior taxa verificada para um mês de maio desde 85, quando a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) começaram a calcular o indicador.
O índice de 20,6% representa a soma de três tipos de desemprego -aberto (13,4%), oculto pelo trabalho precário (5,2%) e oculto pelo desalento (1,9%)- medidos pelas duas instituições (veja ao lado). Significa dizer que 1,959 milhão de pessoas estavam desempregadas na Grande São Paulo em maio -ou 104 mil a mais do que o número verificado em igual período do ano passado.
O desemprego ficou estável em maio porque foram criadas 66 mil novas ocupações, enquanto 84 mil buscaram emprego no mercado de trabalho. "Aumentou o contingente de pessoas sem emprego, aumentou o número de ocupados, mas a taxa permaneceu inalterada. O saldo de 18 mil desempregados não foi suficiente para alterar o índice de desemprego", diz Paula Montagner, gerente de análise da Fundação Seade.
As contratações ocorreram em todas as atividades da economia -na indústria houve a criação de 43 mil postos de trabalho, com destaque para os ramos metal-mecânico, químico e borracha. "São duas cadeias produtivas importantes. Não são os setores que mais empregam, mas têm impacto positivo na economia", afirma Paula Montagner.
No comércio foram abertas 18 mil vagas -invertendo resultados dos meses anteriores, quando 74 mil postos foram cortados entre fevereiro e abril deste ano. No setor de serviços, foram abertas 4.000 vagas e em outros setores (construção civil, principalmente), mil. "Maio segue a tendência de anos anteriores. Com a proximidade do segundo semestre, a atividade econômica tende a ficar mais aquecida", afirma Sérgio Mendonça, coordenador técnico do Dieese. Esse resultado não significa, na avaliação do especialista, a garantia de que o segundo semestre será melhor para o mercado de trabalho.
"Só vamos reduzir as taxas de desemprego com crescimento econômico. Sem isso, não haverá melhora "espetacular" para o nível de emprego", afirma o coordenador técnico do Dieese, em alusão à expressão "espetáculo do crescimento" usada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Claudio Dedecca, especialista em mercado de trabalho e professor da Unicamp, lembra, porém, que tanto no setor industrial como no comércio, predominou a contratação de trabalhadores autônomos e de assalariados sem carteira. "No caso da indústria [as contratações] podem estar relacionadas ao aumento da terceirização. Vale destacar que esses são postos de trabalho que podem ser eliminados facilmente." Os sinais positivos destacados no levantamento de maio podem também estar associados, na sua avaliação, ao tamanho e à composição das amostras pesquisadas.
Para o presidente da CUT, João Felício, "não é possível permanecer em uma situação na qual o que é oferecido é desemprego alto e salário baixo".
Em nota divulgada ontem, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, afirmou que "a falta de sensibilidade do governo federal em não criar uma política voltada para o crescimento econômico e o fomento da produção está resultando nessa situação insustentável". Paulinho também diz que "a falta de emprego e de perspectiva é um detonador da desesperança e do caos social, e os atuais índices servem de alerta".
Na pesquisa da Fundação Seade e Dieese, foi registrada pequena melhora no tempo médio de procura de trabalho -passou de 52 semanas em abril para 50 em maio.


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