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TRABALHO
Taxa atinge 20,6% da PEA na Grande São Paulo em maio, o maior índice para o mês desde 85, segundo o Dieese
Desemprego se estabiliza em nível recorde
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O desemprego em maio ficou
estável na região metropolitana
de São Paulo e atingiu 20,6% da
população economicamente ativa
(PEA) -mesmo percentual registrado em abril. Essa é, porém, a
maior taxa verificada para um
mês de maio desde 85, quando a
Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e o
Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) começaram a
calcular o indicador.
O índice de 20,6% representa a
soma de três tipos de desemprego
-aberto (13,4%), oculto pelo trabalho precário (5,2%) e oculto pelo desalento (1,9%)- medidos
pelas duas instituições (veja ao lado). Significa dizer que 1,959 milhão de pessoas estavam desempregadas na Grande São Paulo em
maio -ou 104 mil a mais do que
o número verificado em igual período do ano passado.
O desemprego ficou estável em
maio porque foram criadas 66 mil
novas ocupações, enquanto 84
mil buscaram emprego no mercado de trabalho. "Aumentou o
contingente de pessoas sem emprego, aumentou o número de
ocupados, mas a taxa permaneceu inalterada. O saldo de 18 mil
desempregados não foi suficiente
para alterar o índice de desemprego", diz Paula Montagner, gerente
de análise da Fundação Seade.
As contratações ocorreram em
todas as atividades da economia
-na indústria houve a criação de
43 mil postos de trabalho, com
destaque para os ramos metal-mecânico, químico e borracha.
"São duas cadeias produtivas importantes. Não são os setores que
mais empregam, mas têm impacto positivo na economia", afirma
Paula Montagner.
No comércio foram abertas 18
mil vagas -invertendo resultados dos meses anteriores, quando
74 mil postos foram cortados entre fevereiro e abril deste ano. No
setor de serviços, foram abertas
4.000 vagas e em outros setores
(construção civil, principalmente), mil. "Maio segue a tendência
de anos anteriores. Com a proximidade do segundo semestre, a
atividade econômica tende a ficar
mais aquecida", afirma Sérgio
Mendonça, coordenador técnico
do Dieese. Esse resultado não significa, na avaliação do especialista, a garantia de que o segundo semestre será melhor para o mercado de trabalho.
"Só vamos reduzir as taxas de
desemprego com crescimento
econômico. Sem isso, não haverá
melhora "espetacular" para o nível
de emprego", afirma o coordenador técnico do Dieese, em alusão à
expressão "espetáculo do crescimento" usada pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Claudio Dedecca, especialista
em mercado de trabalho e professor da Unicamp, lembra, porém,
que tanto no setor industrial como no comércio, predominou a
contratação de trabalhadores autônomos e de assalariados sem
carteira. "No caso da indústria [as
contratações] podem estar relacionadas ao aumento da terceirização. Vale destacar que esses são
postos de trabalho que podem ser
eliminados facilmente." Os sinais
positivos destacados no levantamento de maio podem também
estar associados, na sua avaliação,
ao tamanho e à composição das
amostras pesquisadas.
Para o presidente da CUT, João
Felício, "não é possível permanecer em uma situação na qual o
que é oferecido é desemprego alto
e salário baixo".
Em nota divulgada ontem, o
presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, afirmou que "a
falta de sensibilidade do governo
federal em não criar uma política
voltada para o crescimento econômico e o fomento da produção
está resultando nessa situação insustentável". Paulinho também
diz que "a falta de emprego e de
perspectiva é um detonador da
desesperança e do caos social, e os
atuais índices servem de alerta".
Na pesquisa da Fundação Seade
e Dieese, foi registrada pequena
melhora no tempo médio de procura de trabalho -passou de 52
semanas em abril para 50 em
maio.
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