São Paulo, Quinta-feira, 01 de Julho de 1999
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MERCADO FINANCEIRO
Sinalização contrária do Fed a nova alta nas taxas de juro não evita queda
Bolsa de Buenos Aires recua 4,87%

de Buenos Aires

A Bolsa de Buenos Aires fechou em baixa de 4,87%, mesmo após os EUA revelarem não pretender elevar os juros no curto prazo, depois da alta de 0,25 ponto percentual na taxa ontem.
Segundo Luciano Rolón, analista de mercado da corretora Allaria Ledesma, especulava-se que a tendência dos juros pudesse ser mantida em alta. "A expectativa de que os juros não devem subir mais nos EUA é boa", disse ele.
O analista de mercado afirmou que a alta dos juros já estava prevista pelo mercado, por isso não influenciou os negócios.
Rolón disse que a baixa da Bolsa de Buenos Aires se acentuou nos últimos 20 minutos do pregão. Até então, a Bolsa caía menos de 3%.
Para Rolón, não há explicações pontuais para a queda de ontem. Segundo ele, a economia argentina continua preocupando o mercado, devido às incertezas com relação à transição política e a indicadores ruins, como o déficit fiscal e o déficit externo.
Os analistas argentinos, contudo, seguem afirmando que a moeda vai se manter estável e que não será necessário abandonar a conversibilidade, que fixou o valor do peso em um dólar.

Transição difícil
Na opinião de Martin Redrado, presidente da consultoria FC (Fundação Capital), o início do novo governo argentino, a partir do final do ano, será o mais turbulento para o mercado financeiro e para o peso.
O economista afirma que duas desvalorizações na América Latina aconteceram durante a troca de presidentes. "O mercado estará com isso em mente", disse.
A primeira desvalorização foi no México. A segunda foi a desvalorização do real, logo depois que Fernando Henrique Cardoso assumiu o seu segundo mandato.
O presidente da FC concorda que a alta dos juros nos EUA veio acompanhada de uma boa notícia: "O Fed (banco central do EUA) não está mais pensando em elevar as taxas".
Para Redrado, no entanto, a decisão norte-americana dificulta mais a situação na Argentina, pois aumentará a restrição a financiamentos externos. Como o vizinho brasileiro necessita de capital estrangeiro para financiar o crescimento, a atual recessão deve se prolongar.
"Na medida em que se aproximam as eleições, a situação ficará ainda mais difícil e os mercados ficarão mais tensos", diz Redrado. O economista, no entanto, acha que não será preciso desvalorizar o peso, pois o país teria reservas suficientes para combater uma especulação contra a moeda.
(ANDRÉ SOLIANI)


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