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MERCADO FINANCEIRO
Sinalização contrária do Fed a nova alta nas taxas de juro não evita queda
Bolsa de Buenos Aires recua 4,87%
de Buenos Aires
A Bolsa de Buenos Aires fechou
em baixa de 4,87%, mesmo após os
EUA revelarem não pretender elevar os juros no curto prazo, depois
da alta de 0,25 ponto percentual na
taxa ontem.
Segundo Luciano Rolón, analista
de mercado da corretora Allaria
Ledesma, especulava-se que a tendência dos juros pudesse ser mantida em alta. "A expectativa de que
os juros não devem subir mais nos
EUA é boa", disse ele.
O analista de mercado afirmou
que a alta dos juros já estava prevista pelo mercado, por isso não
influenciou os negócios.
Rolón disse que a baixa da Bolsa
de Buenos Aires se acentuou nos
últimos 20 minutos do pregão. Até
então, a Bolsa caía menos de 3%.
Para Rolón, não há explicações
pontuais para a queda de ontem.
Segundo ele, a economia argentina
continua preocupando o mercado,
devido às incertezas com relação à
transição política e a indicadores
ruins, como o déficit fiscal e o déficit externo.
Os analistas argentinos, contudo, seguem afirmando que a moeda vai se manter estável e que não
será necessário abandonar a conversibilidade, que fixou o valor do
peso em um dólar.
Transição difícil
Na opinião de Martin Redrado,
presidente da consultoria FC
(Fundação Capital), o início do novo governo argentino, a partir do
final do ano, será o mais turbulento para o mercado financeiro e para o peso.
O economista afirma que duas
desvalorizações na América Latina
aconteceram durante a troca de
presidentes. "O mercado estará
com isso em mente", disse.
A primeira desvalorização foi no
México. A segunda foi a desvalorização do real, logo depois que Fernando Henrique Cardoso assumiu
o seu segundo mandato.
O presidente da FC concorda que
a alta dos juros nos EUA veio
acompanhada de uma boa notícia:
"O Fed (banco central do EUA)
não está mais pensando em elevar
as taxas".
Para Redrado, no entanto, a decisão norte-americana dificulta mais
a situação na Argentina, pois aumentará a restrição a financiamentos externos. Como o vizinho brasileiro necessita de capital estrangeiro para financiar o crescimento,
a atual recessão deve se prolongar.
"Na medida em que se aproximam as eleições, a situação ficará
ainda mais difícil e os mercados ficarão mais tensos", diz Redrado. O
economista, no entanto, acha que
não será preciso desvalorizar o peso, pois o país teria reservas suficientes para combater uma especulação contra a moeda.
(ANDRÉ SOLIANI)
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