São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

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Governo acredita em aval dos EUA

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso acredita ter obtido aval e apoio do governo dos Estados Unidos para que seja fechado logo o novo acordo com o FMI.
Na segunda-feira, quando se encontrou com o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, a embaixadora dos Estados Unidos, Donna Hrinak, ouviu que as declarações do secretário do Tesouro dos EUA, Paul O'Neill, agravaram a crise brasileira.
O'Neill disse que não ofereceria ajuda financeira ao Brasil durante a visita que fará ao país semana que vem. Ele disse ainda que Brasil e Argentina deveriam pôr em prática "políticas que assegurem que o dinheiro que recebem seja bem aproveitado, e não saia do país para uma conta na Suíça".
A Folha apurou que o governo brasileiro deixou claro para Hrinak que, sem o acordo com o FMI, seria gerada uma crise que contagiaria as demais economias sul-americanas, o que inviabilizaria o cronograma da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). A embaixadora reclamou ao Departamento de Estado e à Casa Branca que fosse revista a posição dos EUA em relação ao Brasil.
Foi graças a essa intervenção que a Casa Branca divulgou anteontem uma nova posição. O porta-voz do presidente George W. Bush, Ari Fleisher, declarou que os EUA confiavam nos fundamentos da economia brasileira e que estavam dispostos a ajudar o Brasil, mas não anunciou o aval do Tesouro americano ao acordo brasileiro com o FMI.
Após a articulação de Hrinak, FHC e o ministro da Fazenda, Pedro Malan, conversaram por telefone com autoridades econômicas dos EUA e acreditam ter obtido o aval e a promessa de apoio, segundo Folha apurou.
Malan e O'Neill deverão jantar no domingo, quando o secretário do Tesouro dos EUA chega ao Brasil. O acordo que integrantes da equipe econômica começaram a negociar ontem em Washington tem o objetivo de liberar um empréstimo de mais US$ 20 bilhões para o Brasil. O governo espera fechar o acordo antes de 12 de agosto, quando começam as férias dos funcionários do Fundo.
Também está em negociação uma nova redução do piso das reservas internacionais líquidas, que não incluem os recursos do Fundo. No atual acordo do Brasil com o FMI, esse piso está fixado em US$ 15 bilhões. Sua redução permite ao Banco Central elevar o volume de recursos usados para intervir no mercado de câmbio.
Como contrapartida ao novo acordo, o governo brasileiro deverá adotar medidas fiscais (corte de gastos ou aumento de receita) e elevar o resultado do superávit fiscal deste ano para 4% do PIB (Produto Interno Bruto).



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