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Governo acredita em aval dos EUA
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso acredita ter obtido
aval e apoio do governo dos Estados Unidos para que seja fechado
logo o novo acordo com o FMI.
Na segunda-feira, quando se
encontrou com o ministro das
Relações Exteriores, Celso Lafer, a
embaixadora dos Estados Unidos, Donna Hrinak, ouviu que as
declarações do secretário do Tesouro dos EUA, Paul O'Neill,
agravaram a crise brasileira.
O'Neill disse que não ofereceria
ajuda financeira ao Brasil durante
a visita que fará ao país semana
que vem. Ele disse ainda que Brasil e Argentina deveriam pôr em
prática "políticas que assegurem
que o dinheiro que recebem seja
bem aproveitado, e não saia do
país para uma conta na Suíça".
A Folha apurou que o governo
brasileiro deixou claro para Hrinak que, sem o acordo com o
FMI, seria gerada uma crise que
contagiaria as demais economias
sul-americanas, o que inviabilizaria o cronograma da Alca (Área
de Livre Comércio das Américas).
A embaixadora reclamou ao Departamento de Estado e à Casa
Branca que fosse revista a posição
dos EUA em relação ao Brasil.
Foi graças a essa intervenção
que a Casa Branca divulgou anteontem uma nova posição. O
porta-voz do presidente George
W. Bush, Ari Fleisher, declarou
que os EUA confiavam nos fundamentos da economia brasileira
e que estavam dispostos a ajudar
o Brasil, mas não anunciou o aval
do Tesouro americano ao acordo
brasileiro com o FMI.
Após a articulação de Hrinak,
FHC e o ministro da Fazenda, Pedro Malan, conversaram por telefone com autoridades econômicas dos EUA e acreditam ter obtido o aval e a promessa de apoio,
segundo Folha apurou.
Malan e O'Neill deverão jantar
no domingo, quando o secretário
do Tesouro dos EUA chega ao
Brasil. O acordo que integrantes
da equipe econômica começaram
a negociar ontem em Washington
tem o objetivo de liberar um empréstimo de mais US$ 20 bilhões
para o Brasil. O governo espera fechar o acordo antes de 12 de agosto, quando começam as férias dos
funcionários do Fundo.
Também está em negociação
uma nova redução do piso das reservas internacionais líquidas,
que não incluem os recursos do
Fundo. No atual acordo do Brasil
com o FMI, esse piso está fixado
em US$ 15 bilhões. Sua redução
permite ao Banco Central elevar o
volume de recursos usados para
intervir no mercado de câmbio.
Como contrapartida ao novo
acordo, o governo brasileiro deverá adotar medidas fiscais (corte
de gastos ou aumento de receita) e
elevar o resultado do superávit
fiscal deste ano para 4% do PIB
(Produto Interno Bruto).
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