São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

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AÇO

Steinbruch, presidente da companhia, diz que vai propor a outras empresas construção conjunta de unidade para placas

CSN busca concorrente para subir produção

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Benjamin Steinbruch, pretende entrar em contato com representantes de várias siderúrgicas brasileiras para a construção em conjunto de uma nova unidade de produção de placas de aço, no valor de US$ 700 milhões.
A idéia do empresário, segundo afirmou ontem em entrevista exclusiva à Folha, é conseguir os recursos da própria CSN, Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista) e CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão) para a construção de um alto-forno em Itajaí (SC), que teria capacidade anual de 3,5 milhões de toneladas de aço.
Atualmente, a CSN, que está em fase de fechar uma transação com o grupo anglo-holandês Corus, produz 4 milhões de toneladas de aço por ano. "Vamos ter de aumentar nossa produção no futuro, e não faz sentido a CSN, a Cosipa e a CST aumentarem suas capacidades de processar aço separadamente. Isso resultaria em excesso de oferta do produto no Brasil", disse Steinbruch.
Os entendimentos entre a CSN e as outras siderúrgicas, entre as quais também a Açominas e o grupo Gerdau, ainda não tiveram início. Atualmente, Steinbruch tem dado prioridade para a conclusão do negócio com a Corus.
Caso a transação seja concluída, a primeira medida da nova empresa CSN/Corus será um investimento de US$ 300 milhões na ampliação da capacidade de extração de minério de ferro na mina Casa de Pedra, em Minas Gerais, e na compra de mais equipamentos para o porto de Sepetiba, no Estado do Rio de Janeiro.
"Depois dessa fase, deveremos ampliar nossa capacidade de produção, conforme aumentarmos as exportações. E a solução mais inteligente para isso seria as siderúrgicas no Brasil fazerem um investimento conjunto." A CSN teria a opção de construir sozinha a nova unidade em Volta Redonda (RJ), onde estão suas principais operações.
"Essa usina, no entanto, enfrenta problemas de logística para abrigar um novo alto-forno", afirma o empresário.
Caso não haja entendimento com as outras siderúrgicas, a CSN/Corus faria sozinha a construção da unidade.
Para Steinbruch, o setor siderúrgico brasileiro enfrenta um problema de falta de diálogo. "É preciso haver uma sinergia no setor. Não há nada de estranho em concorrentes serem sócios de uma mesma unidade."
Enquanto estuda o novo alto-forno, Steinbruch tem tido encontros com investidores e analistas de mercado para convencê-los de que a transação com a Corus será uma fusão, e não uma venda. No entanto, a siderúrgica brasileira se recusa a divulgar o memorando de intenções do negócio. "Ele é sigiloso. Já publicamos um fato relevante que resume a fusão. As dúvidas que surgirem serão esclarecidas aos poucos."
Uma das dúvidas de acionistas minoritários é que o acordo prevê que a CSN terá 37,6% das ações da nova empresa. "O importante é que seremos os maiores acionistas após criarmos a CSN HoldCo, uma espécie de empresa-espelho da siderúrgica brasileira."
Os acionistas ingleses e americanos proprietários da Corus não poderão formar um bloco único semelhante, que resultaria no controle da empresa (62,4% das ações).
"Essa união de acionistas de uma empresa inglesa não é permitida pela legislação da Inglaterra", afirmou Steinbruch.
Ou seja, o empresário criará um bloco único dos acionistas brasileiros na futura CSN/Corus, enquanto os investidores da siderúrgica anglo-holandesa não poderão fazer o mesmo.



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