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Citibank pode obter controle do "La Nación"
DE BUENOS AIRES
O Citibank pode adquirir o controle acionário do jornal "La Nación", o segundo mais vendido da Argentina, em troca da amortização de uma dívida de US$ 100 milhões que o diário mantém com o banco e com outros credores. A informação foi divulgada pelo jornal "Buenos Aires Económico".
Para amortizar a dívida, o Citibank teria proposto levar em troca 58% das ações do grupo La Nación, que detém o jornal homônimo e participações em
outras revistas e em dois diários do interior do país.
Ainda segundo o "Buenos Aires Económico", o "La Nación" teria utilizado as próprias ações como garantia da dívida de US$ 100 milhões, cujos pagamentos estão atrasados.
Procurado pela Folha, o "La Nación" admitiu que as dívidas
do grupo estão em processo de
renegociação, mas informou,
por meio sua assessoria de imprensa, que é "absolutamente
falso que essas negociações
contemplem o ingresso dos
credores no grupo de acionistas da empresa".
Assim como o Citibank, o
jornal não quis informar o valor total de suas dívidas. Segundo o "Buenos Aires Económico", os sócios do jornal teriam
débitos de pelo menos US$ 146
milhões. Boa parte das dívidas
teria sido contraída para a
construção do novo parque
gráfico do jornal.
O jornal também não confirmou rumores de que teria pedido a intermediação do governo para evitar a perda do controle para o Citibank e para
conseguir maiores prazos para
o pagamento da dívida.
Entre as medidas que poderiam ser impulsionadas pelo
governo está um projeto que já
tramita no Congresso e impõe
limite de 30% para a participação de empresas estrangeiras
em empresas de comunicação.
O projeto pode ser analisado
pela Câmara ainda nesta semana e evitaria a venda do "La Nación" porque, ao contrário do
Brasil, hoje não existem limitações para estrangeiros comprarem a totalidade de um meio de
comunicação.
Para analistas de mercado
ouvidos pela Folha, o "La Nación", assim como outras empresas do país, enfrenta dificuldades para pagar dívidas em
dólar contraídas antes do fim
do regime de conversibilidade,
em janeiro. A desvalorização,
seguida pela pesificação da
economia, reduziu a rentabilidade do jornal em dólares.
Outro problema enfrentado
pelo jornal teria sido a queda
das vendas e do faturamento
com publicidade nos últimos
meses devido ao agravamento
da crise argentina. No entanto,
o "La Nación" informou, em
editorial, que sua circulação
"não caiu mais do que a das outras publicações do país".
O jornal foi fundado em janeiro de 1870 por Bartolomé
Mitre e, até hoje, 100% de suas ações estão nas mãos de seus
descendentes.
O "La Nación" tem hoje uma tiragem diária média de 200
mil exemplares, inferior apenas à de seu maior concorrente
na Argentina, o "Clarín". (JS)
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