São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Citibank pode obter controle do "La Nación"

DE BUENOS AIRES

O Citibank pode adquirir o controle acionário do jornal "La Nación", o segundo mais vendido da Argentina, em troca da amortização de uma dívida de US$ 100 milhões que o diário mantém com o banco e com outros credores. A informação foi divulgada pelo jornal "Buenos Aires Económico".
Para amortizar a dívida, o Citibank teria proposto levar em troca 58% das ações do grupo La Nación, que detém o jornal homônimo e participações em outras revistas e em dois diários do interior do país.
Ainda segundo o "Buenos Aires Económico", o "La Nación" teria utilizado as próprias ações como garantia da dívida de US$ 100 milhões, cujos pagamentos estão atrasados.
Procurado pela Folha, o "La Nación" admitiu que as dívidas do grupo estão em processo de renegociação, mas informou, por meio sua assessoria de imprensa, que é "absolutamente falso que essas negociações contemplem o ingresso dos credores no grupo de acionistas da empresa".
Assim como o Citibank, o jornal não quis informar o valor total de suas dívidas. Segundo o "Buenos Aires Económico", os sócios do jornal teriam débitos de pelo menos US$ 146 milhões. Boa parte das dívidas teria sido contraída para a construção do novo parque gráfico do jornal.
O jornal também não confirmou rumores de que teria pedido a intermediação do governo para evitar a perda do controle para o Citibank e para conseguir maiores prazos para o pagamento da dívida.
Entre as medidas que poderiam ser impulsionadas pelo governo está um projeto que já tramita no Congresso e impõe limite de 30% para a participação de empresas estrangeiras em empresas de comunicação.
O projeto pode ser analisado pela Câmara ainda nesta semana e evitaria a venda do "La Nación" porque, ao contrário do Brasil, hoje não existem limitações para estrangeiros comprarem a totalidade de um meio de comunicação.
Para analistas de mercado ouvidos pela Folha, o "La Nación", assim como outras empresas do país, enfrenta dificuldades para pagar dívidas em dólar contraídas antes do fim do regime de conversibilidade, em janeiro. A desvalorização, seguida pela pesificação da economia, reduziu a rentabilidade do jornal em dólares.
Outro problema enfrentado pelo jornal teria sido a queda das vendas e do faturamento com publicidade nos últimos meses devido ao agravamento da crise argentina. No entanto, o "La Nación" informou, em editorial, que sua circulação "não caiu mais do que a das outras publicações do país".
O jornal foi fundado em janeiro de 1870 por Bartolomé Mitre e, até hoje, 100% de suas ações estão nas mãos de seus descendentes.
O "La Nación" tem hoje uma tiragem diária média de 200 mil exemplares, inferior apenas à de seu maior concorrente na Argentina, o "Clarín". (JS)


Texto Anterior: Mídia: Globo perde o controle da TV paga Sky
Próximo Texto: A águia pousou: Na revisão, EUA vêem PIB menor e recessão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.