São Paulo, Domingo, 01 de Agosto de 1999
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MERCOSUL
Governo Menem não abre mão de restrições no setor e alega que medida tem respaldo em regras da OMC
Cota argentina para tecidos continua

de Buenos Aires

As salvaguardas contra os tecidos brasileiros não fazem parte da concessão anunciada pelo presidente Carlos Menem, no Brasil.
Segundo a Folha apurou, o governo argentino não tem nenhuma pretensão de negociar o fim das cotas de importação impostas aos tecidos do Brasil.
Segundo um alto funcionário do governo argentino, a medida de salvaguarda para têxteis está juridicamente embasada nas regras da OMC (Organização Mundial do Comércio) e não há razão para modificá-la.
A medida foi anunciada em meados de julho, pelo secretário de Indústria e Comércio, Alieto Guadagni. Segundo ele, como o Mercosul não regulamenta a aplicação do ATV (Acordo de Têxteis e Vestuários), parte das regras da OMC, a Argentina pode recorrer ao acordo internacional.
Na época da edição da medida, Guadagni afirmou que o governo argentino poderia ser processado pelos industriais têxteis por não-cumprimento do dever público, caso não aplicasse a salvaguarda.
Segundo ele, a medida está respaldada por direitos internacionais e é uma obrigação do governo adotá-la. Os produtores brasileiros de tecidos dizem que o processo não é justo.
Rafael Golombek, presidente da Brastex, diz que as vendas de sua empresa na Argentina caíram 21% desde o início do ano, comparadas com igual período de 98. A Brastex é a maior importadora de tecidos do Brasil, na Argentina.
Golombek diz que, desde meados do ano passado, o Brasil está perdendo mercado na Argentina. "Não pode haver prejuízo se as exportações estão caindo."
Mas o executivo brasileiro não quer entrar em confronto com o parceiro comercial: "O homem é bastante inteligente para, dialogando, chegar a algum lugar".
Para Golombek, a melhor saída é a autolimitação das exportações brasileiras. Ele afirma que o objetivo do setor brasileiro é manter a participação de mercado. Em alguns tipos de tecidos, diz, a participação brasileira chega a 73%.


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