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ENERGIA
Após aumentar preço do gás industrial, estatal reajusta produto que alimenta indústrias e termelétricas; alta é de 76% no ano
Petrobras eleva preço do óleo combustível
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Apesar de o ministro das Minas
e Energia, Francisco Gomide, e do
presidente da Petrobras, Francisco Gros, terem assegurado que
não iria haver reajuste nos preços
da gasolina e derivados até que
fosse restabelecida a normalidade
no câmbio, a empresa aumentou
ontem em 9,7% o preço do óleo
combustível. Neste ano, a Petrobras já reajustou o óleo combustível em 76%.
O óleo combustível é um componente importante nos custos de
indústrias de vários setores. Entre
elas, as de secagem de grãos (milho, soja), as de cimento, as de
pneus, as de cerâmica, as mineradoras e as termelétricas, principalmente as da Região Norte.
Inflação
O reajuste do óleo combustível,
apesar de não ter efeito direto sobre os preços ao consumidor, deve provocar um impacto nos custos das indústrias desses setores.
Num primeiro momento, o aumento do produto deve ter reflexo apenas nos índices de preços
por atacado.
A Folha apurou que o impacto
desse aumento sobre os índices de
preços ao consumidor deverá
ocorrer apenas depois das eleições, quando as indústrias atingidas repassarem seus aumentos
para seus preços.
Não é o primeiro aumento de
derivados de petróleo da Petrobras. Há duas semanas, a estatal
aumentou o preço do gás industrial em 5,9%. Assim como no caso do óleo combustível, o aumento de preços do gás industrial
também atingiu apenas consumidores comerciais e industriais.
Apesar de o aumento do óleo
combustível ter pouca influência
sobre os índices de preços, o economista Luiz Roberto de Azevedo
Cunha, da PUC do Rio, disse que
esses aumentos do gás industrial e
do óleo combustível são sinais
evidentes da defasagem entre os
preços do barril de petróleo e do
combustível.
De acordo com o que a Folha
apurou, a defasagem atual do preço dos combustíveis, considerando o dólar na faixa entre R$ 3,70 e
R$ 3,80 e o preço do barril de petróleo perto de US$ 30, está entre
20% e 30%. O último aumento da
gasolina e do óleo diesel foi no final de julho.
Para Azevedo Cunha, a fim de
compensar essa defasagem, a Petrobras está usando a estratégia de
aumentar os preços dos derivados que não têm impacto direto
no bolso do consumidor e na inflação. Por isso, a empresa ainda
não reajustou a gasolina e o óleo diesel.
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