São Paulo, terça-feira, 01 de outubro de 2002

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ENERGIA

Após aumentar preço do gás industrial, estatal reajusta produto que alimenta indústrias e termelétricas; alta é de 76% no ano

Petrobras eleva preço do óleo combustível

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

Apesar de o ministro das Minas e Energia, Francisco Gomide, e do presidente da Petrobras, Francisco Gros, terem assegurado que não iria haver reajuste nos preços da gasolina e derivados até que fosse restabelecida a normalidade no câmbio, a empresa aumentou ontem em 9,7% o preço do óleo combustível. Neste ano, a Petrobras já reajustou o óleo combustível em 76%.
O óleo combustível é um componente importante nos custos de indústrias de vários setores. Entre elas, as de secagem de grãos (milho, soja), as de cimento, as de pneus, as de cerâmica, as mineradoras e as termelétricas, principalmente as da Região Norte.

Inflação
O reajuste do óleo combustível, apesar de não ter efeito direto sobre os preços ao consumidor, deve provocar um impacto nos custos das indústrias desses setores. Num primeiro momento, o aumento do produto deve ter reflexo apenas nos índices de preços por atacado.
A Folha apurou que o impacto desse aumento sobre os índices de preços ao consumidor deverá ocorrer apenas depois das eleições, quando as indústrias atingidas repassarem seus aumentos para seus preços.
Não é o primeiro aumento de derivados de petróleo da Petrobras. Há duas semanas, a estatal aumentou o preço do gás industrial em 5,9%. Assim como no caso do óleo combustível, o aumento de preços do gás industrial também atingiu apenas consumidores comerciais e industriais.
Apesar de o aumento do óleo combustível ter pouca influência sobre os índices de preços, o economista Luiz Roberto de Azevedo Cunha, da PUC do Rio, disse que esses aumentos do gás industrial e do óleo combustível são sinais evidentes da defasagem entre os preços do barril de petróleo e do combustível.
De acordo com o que a Folha apurou, a defasagem atual do preço dos combustíveis, considerando o dólar na faixa entre R$ 3,70 e R$ 3,80 e o preço do barril de petróleo perto de US$ 30, está entre 20% e 30%. O último aumento da gasolina e do óleo diesel foi no final de julho.
Para Azevedo Cunha, a fim de compensar essa defasagem, a Petrobras está usando a estratégia de aumentar os preços dos derivados que não têm impacto direto no bolso do consumidor e na inflação. Por isso, a empresa ainda não reajustou a gasolina e o óleo diesel.


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