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Retomada exige ajuste, diz Palocci
NEY HAYASHI DA CRUZ
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
O processo de retomada do
crescimento econômico no Brasil
ainda exige "ajustes", e é necessário ao Banco Central continuar
"vigilante" em relação ao controle
de inflação. A avaliação foi feita
ontem pelo ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), para quem
a recente elevação dos juros não
prejudicará a economia.
"O crescimento, quando começa a se tornar consistente, exige
ajustes, que servem para garantir
que ele não se limite ao curto prazo", disse Palocci, que está em
Washington para a reunião anual
do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial.
No mês passado, o BC elevou os
juros de 16% para 16,25% ao ano,
sob o argumento de ter como objetivo manter a inflação dentro
das metas fixadas pelo governo.
Segundo Palocci, "parte da inflação é resultado do crescimento".
A recuperação do nível de atividade pode gerar aumento nos
preços quando as empresas não
conseguem produzir o suficiente
para atender todos os consumidores.
Por outro lado, o ministro afirmou também que a alta da inflação reflete, em parte, o aumento
nos custos das empresas, como a
recente alta do preço do petróleo
no mercado internacional. "Isso
não se controla com política monetária", declarou.
Ainda que o BC projete uma alta
de 5,6% para o IPCA (Índice de
Preços ao Consumidor) em 2005
-acima da meta de 5,1% fixada
pelo próprio BC-, Palocci disse
que "a inflação não está descontrolada" e que a economia está
crescendo "a taxas muito razoáveis". O BC estima em 4,4% a expansão a ser registrada pela economia neste ano, abaixo da média
mundial, que, segundo o FMI, ficará em 5%.
Palocci voltou a insistir na idéia
de que a alta dos juros é necessária
para manter o crescimento no
longo prazo. "Se nós deixarmos
que a inflação corroa a renda das
famílias, estaremos, num curto
espaço de tempo, comprometendo o processo de crescimento."
O ministro também contestou
os resultados de pesquisa feita pelo Banco Mundial que mostra
que, na visão dos empresários, o
Brasil é o pior lugar para fazer negócios de um grupo de 53 emergentes. Para Palocci, os resultados
apresentam uma defasagem de
dois anos. "O que deve ser observado são os resultados efetivos
dos investimentos no Brasil."
Logo depois de chegar à cidade,
o ministro teve reuniões com o diretor-gerente do FMI, Rodrigo
Rato, e com o secretário do Tesouro dos EUA, John Snow.
Um dos objetivos da missão
brasileira em Washington é discutir a criação de uma linha de
crédito emergencial que pudesse
ser criada pelo FMI para socorrer
países em dificuldades financeiras. Diferentemente do que acontece hoje em dia, porém, a ajuda
não seria condicionada ao cumprimento de metas.
Os EUA -país que, individualmente, mais repassa recursos ao
FMI- são contrários à proposta.
Após os encontros de ontem, Palocci disse que a discussão sobre o
assunto "não será necessariamente conclusiva". O atual acordo
com o FMI se encerra em março, e
Palocci não descartou sua renovação. "Sobre o ano que vem, vamos
pensar no ano que vem."
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