São Paulo, sexta-feira, 01 de novembro de 2002

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BANCOS

Aumento da inadimplência faz instituição elevar provisionamento, e ganho cai a R$ 1,325 bi nos primeiros nove meses do ano

Cautela reduz em 15% lucro do Bradesco

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bradesco encerrou os primeiros nove meses do ano com um lucro líquido de R$ 1,325 bilhão, resultado 15% menor que o registrado em igual período do ano passado. No terceiro trimestre, o lucro do banco totalizou R$ 420 milhões.
O menor nível de atividade econômica foi apontado pelo banco como um dos motivos que influenciaram na redução nos lucros. Além disso, dois outros fatores explicam o resultado, segundo analistas. O primeiro é o crescimento na provisão para devedores duvidosos feita neste ano. Outro fator a ser considerado é que 2001 foi um ano excepcional para os bancos, o que gerou uma base de comparação muito elevada.
As despesas com provisão para devedores duvidosos subiram 61% nos primeiros nove meses deste ano, em relação a igual período de 2001, e ficaram em R$ 2,24 bilhões. Somente no 3º trimestre, foram R$ 896 milhões destinados a esse tipo de despesa.
Segundo o banco, "o aumento da inadimplência em consequência da deterioração da economia" é um dos motivos da maior despesa com provisão no ano.
"O Bradesco tem um perfil mais conservador, o que explica o forte provisionamento que o banco tem se preocupado em fazer neste ano", afirma Fernando Coelho, analista da ABM Consulting.

Dólar a R$ 2,90
Para o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, o momento de maior tensão no mercado de câmbio já passou. "Acredito que o dólar possa encerrar o ano em R$ 2,90. A alta da moeda nos últimos meses foi causada por um movimento especulativo e de expectativas [com a cena política]."
Se o dólar recuar para esse patamar, Cypriano afirma que o Banco Central terá espaço para reduzir a taxa básica de juros, hoje em 21% ao ano, para algo entre 18% e 18,5% anuais.
O Bradesco encerrou os primeiros nove meses do ano com uma carteira de crédito de R$ 53,59 bilhões, ante R$ 45,26 bilhões registrados no mesmo período de 2001. O destaque é o crescimento de 41% para 45% da parcela representada pelas grandes empresas no total da carteira.
Cypriano estima que o banco encerrará o ano com um crescimento entre 10% e 11% na sua carteira de crédito, sem considerar as aquisições feitas até o momento.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, as ações do Bradesco reagiram positivamente ao resultado divulgado ontem. O papel preferencial do banco fechou o pregão com valorização de 1,2%.


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