São Paulo, sexta-feira, 01 de novembro de 2002

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Sadia diz que medida radical receberá outra igual

DA REPORTAGEM LOCAL

O tom da conversa do varejo em nada tem agradado à indústria nos últimos dias. Redes de supermercados como Pão de Açúcar e Carrefour têm se negado a comprar alguns produtos com novas tabelas de preços.
Por conta dessa situação, o diretor financeiro da Sadia, Luiz Murat, teceu ontem críticas ao varejo e disse que "para toda medida radical, há outra medida radical".
O executivo não afirmou que a empresa irá deixar de vender às grandes lojas. Nem fez menção a algum produto específico. Mas, até o momento, há grandes redes que não fecharam acordo para a compra de peru para o Natal.
A diretoria do Carrefour informou ontem que as conversas entre as partes nessa negociação ainda se arrastam. Mas a rede não apresentou a taxa de reajuste pedida pela indústria "para não atrapalhar as negociações".
O mesmo acontece no caso do panetone, informa a cadeia. A compra dos lotes de panetones para o Natal ainda não foi fechada. O problema também está no preço solicitado pela indústria à rede francesa.
Carrefour e Pão de Açúcar não comentaram as declarações da Sadia. Nesta semana, a rede Pão de Açúcar informou que já comunicou seus fornecedores que, caso eles não aceitem rever algumas taxas de reajustes solicitadas, a rede informará o público (por meio de comunicados) do aumento. E de uma eventual falta do item nas prateleiras.

Saídas
Redes de supermercados e a indústria de alimentos têm travado uma queda-de-braço desde que o dólar começou a disparar, em maio. Isso porque as empresas querem reajustar seu preços -já que parte dos custos está atrelada ao dólar-, mas o Pão de Açúcar e o Carrefour se negam a aceitar alguns repasses.
A indústria, por sua vez, não aceita negociar reajustes menores -fabricantes de açúcar pedem, por exemplo, aumento de 77% em média. Companhias da área de massas e cervejas, por exemplo, dizem que, se não venderem no mercado interno, têm como saída a exportação do produto.
Segundo Murat, a Sadia não teme perder mercado, caso reduza a venda para grandes lojas, porque existem alternativas. Uma delas seria optar por pequenas cadeias e lojas de vizinhança.
Analistas acreditam que essa saída por ser interessante. "Pão de Açúcar e Carrefour não representam mais do que 15% das vendas de grandes indústrias hoje. E essa taxa já foi bem maior. Ou seja, há uma dependência menor em relação a essas grandes cadeias", afirma Eugênio Foganholo, analista de varejo. "E, se faltar algum produto na loja, não vai ser mais um grande susto como no passado", diz. (ADRIANA MATTOS)


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