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Sadia diz que medida radical receberá outra igual
DA REPORTAGEM LOCAL
O tom da conversa do varejo
em nada tem agradado à indústria nos últimos dias. Redes de supermercados como Pão de Açúcar e Carrefour têm se negado a
comprar alguns produtos com
novas tabelas de preços.
Por conta dessa situação, o diretor financeiro da Sadia, Luiz Murat, teceu ontem críticas ao varejo
e disse que "para toda medida radical, há outra medida radical".
O executivo não afirmou que a
empresa irá deixar de vender às
grandes lojas. Nem fez menção a
algum produto específico. Mas,
até o momento, há grandes redes
que não fecharam acordo para a
compra de peru para o Natal.
A diretoria do Carrefour informou ontem que as conversas entre as partes nessa negociação ainda se arrastam. Mas a rede não
apresentou a taxa de reajuste pedida pela indústria "para não
atrapalhar as negociações".
O mesmo acontece no caso do
panetone, informa a cadeia. A
compra dos lotes de panetones
para o Natal ainda não foi fechada. O problema também está no
preço solicitado pela indústria à
rede francesa.
Carrefour e Pão de Açúcar não
comentaram as declarações da
Sadia. Nesta semana, a rede Pão
de Açúcar informou que já comunicou seus fornecedores que, caso
eles não aceitem rever algumas taxas de reajustes solicitadas, a rede
informará o público (por meio de
comunicados) do aumento. E de
uma eventual falta do item nas
prateleiras.
Saídas
Redes de supermercados e a indústria de alimentos têm travado
uma queda-de-braço desde que o
dólar começou a disparar, em
maio. Isso porque as empresas
querem reajustar seu preços -já
que parte dos custos está atrelada
ao dólar-, mas o Pão de Açúcar e
o Carrefour se negam a aceitar alguns repasses.
A indústria, por sua vez, não
aceita negociar reajustes menores
-fabricantes de açúcar pedem,
por exemplo, aumento de 77%
em média. Companhias da área
de massas e cervejas, por exemplo, dizem que, se não venderem
no mercado interno, têm como
saída a exportação do produto.
Segundo Murat, a Sadia não teme perder mercado, caso reduza a
venda para grandes lojas, porque
existem alternativas. Uma delas
seria optar por pequenas cadeias e
lojas de vizinhança.
Analistas acreditam que essa
saída por ser interessante. "Pão de
Açúcar e Carrefour não representam mais do que 15% das vendas
de grandes indústrias hoje. E essa
taxa já foi bem maior. Ou seja, há
uma dependência menor em relação a essas grandes cadeias", afirma Eugênio Foganholo, analista
de varejo. "E, se faltar algum produto na loja, não vai ser mais um
grande susto como no passado",
diz.
(ADRIANA MATTOS)
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