São Paulo, sexta-feira, 01 de novembro de 2002

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ÁGUIA EM TRANSE

Taxa, impulsionada pelos gastos dos americanos, ficou abaixo das expectativas; analistas esperam freada

PIB dos EUA cresce 3,1%; consumo puxa

DA REDAÇÃO

A economia norte-americana cresceu a um ritmo anualizado de 3,1% no terceiro trimestre, uma taxa expressiva e superior à do segundo trimestre, mas aquém das expectativas. A expansão foi impulsionada pelo avanço nos gastos dos consumidores, em especial na compra de carros novos.
No segundo trimestre, de acordo com o Departamento de Comércio dos EUA, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu a uma taxa de 1,3%. Nos três primeiros meses do ano, a expansão ficou em 5%.
O consumo, que representa dois terços do PIB do país, saltou 4,2% de julho a setembro. No trimestre anterior, o crescimento tinha sido de apenas 1,8%.
O avanço ocorreu por causa de um extraordinário aumento de 22,7% nos gastos com bens duráveis, sobretudo veículos, o que não deverá se repetir nos últimos três meses do ano -entre outros motivos, por causa da queda na confiança do consumidor.
"Os ombros largos dos consumidores são como Atlas, segurando a economia", disse Ken Mayland, economista da corretora ClearView Economics, em referência ao titã da mitologia grega que foi condenado a carregar o planeta nas costas.
Graças às baixas taxas de juros, o consumo segue elevado nos EUA, a despeito do aumento do desemprego. As taxas de financiamento imobiliário são as menores em 40 anos, enquanto montadoras oferecem promoções com vendas de carros a juro zero.
Os números do Departamento de Comércio, que ainda passarão por pelo menos duas revisões, provocaram reações mistas no mercado financeiro.
Os analistas previam crescimento médio de 3,7%. Para alguns economistas, a atividade econômica passa por uma deterioração, o que se refletirá num crescimento mais tímido no último trimestre do ano. Na opinião de outros, ainda que a economia não esteja aquecida, ao menos não se encontra em declínio.
"A economia dos EUA está como um corpo na água", afirmou Carol Stone, economista da corretora Nomura Securities. "Está boiando, não está afundando."

Corte nos juros?
Em março do ano passado, já sob o governo de George W. Bush, os EUA entraram em recessão, encerrando o mais longo período de expansão da história do país. O ciclo de retração econômica foi o primeiro desde 1991, quando houve a Guerra do Golfo e Bush pai ocupava a Casa Branca.
Por causa da queda na atividade, o Federal Reserve (banco central dos EUA) fez 11 cortes nos juros no ano passado, derrubando sua principal taxa de 6,5% ao ano para 1,75% ao ano -o juro real, descontada a inflação, está praticamente negativo. A última redução ocorreu em dezembro.
A próxima reunião do Conselho de Política Monetária do Federal Reserve ocorrerá na próxima quarta-feira. Devido à piora nos indicadores econômicos nos últimos dois meses, há a expectativa, em Wall Street, de que o Fed reduzirá a taxa para 1,50% ao ano.
Os mercados fecharam praticamente estáveis, sem muita influência dos números sobre o PIB. O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York recuou 0,36% e o Standard & Poor's 500 teve queda de 0,56%. A Nasdaq, Bolsa de empresas tecnológicas, subiu 0,23%.


Com agências internacionais

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