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São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2003

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ALCA

Estudo vê barreira comercial em lei norte-americana contra o bioterrorismo

EUA querem alta de tarifa por preço

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Os EUA devem propor a adoção de salvaguardas para alguns produtos no âmbito das negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). O mecanismo possibilitaria um aumento imediato de tarifas de importação de produtos que passassem por quedas de preço abruptas.
Segundo Ross Wilson, chefe da missão negociadora dos EUA para a Alca, a proposta de salvaguardas visa impedir ""distorções acentuadas" de preços.
Questionado se as salvaguardas poderiam, ser aplicadas, por exemplo, quando a moeda de um país tem uma desvalorização abrupta, incentivando as exportações, Wilson afirmou que a proposta ainda está em estudo e que não poderia discutir detalhes.
Durante palestra sobre o futuro da Alca no Inter-American Dialogue, ontem em Washington, Wilson voltou a explicitar que os EUA não vão negociar com os outros 33 países envolvidos uma diminuição dos subsídios agrícolas no país -como quer o Brasil.
"Não podemos discutir subsídios regionalmente, já que a Europa e o Japão são os outros grandes interessados no tema", disse.
Brasil e Estados Unidos voltam à mesa de negociação na semana que vem, em Washington, para tentar superar as diferenças antes da próxima reunião da Alca em Miami, em novembro.

Bioterrorismo
As exportações brasileiras para os EUA deverão enfrentar restrições ainda maiores a partir de dezembro, quando entrar em vigor no país a nova Lei do Bioterrorismo. Estudo apresentado ontem pela Embaixada do Brasil em Washington diz que a lei poderá ""ter efeitos semelhantes aos de uma barreira comercial".
A lei, que trará maior controle à importação de alimentos em função de ameaças terroristas, se somará a um amplo espectro de tarifas elevadas, políticas antidumping, cotas e salvaguardas que impedem a entrada de produtos brasileiros nos EUA.
Segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior), 60% dos produtos de exportação do Brasil são afetados por medidas restritivas norte-americanas.
Levantamento realizado pelo IIE (Institute of International Economics) estima que o fim dessas barreiras representaria um aumento de US$ 6 bilhões ao ano das exportações do Brasil para os EUA em produtos como suco de laranja, aço e açúcar.


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