UOL


São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LUÍS NASSIF

PPP, o sério e o aventureiro

Vamos a um rescaldo final sobre o PPP (Perfil Profissiográfico Profissional), novo documento criado pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, a partir de conversas com Helmut Schwarzer, secretário de Previdência Social, e o contador Ernesto Candeias.
Segundo Candeias, o PPP terá como objetivo substituir antigas informações que eram fornecidas pelas empresas. Deverá obrigatoriamente ser complementado por um Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho, expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança.
Ponto importante apontado por Candeias -e confirmado por Helmut- é que só serão obrigadas a apresentar o PPP empresas cujos trabalhadores estejam expostos a condições de risco.
Helmut, aliás, solicita a ajuda dos meios de comunicação para denunciar a indústria de laudos que surgiu em razão do PPP -grupos de aventureiros mandando malas-diretas até para condomínios enganando-os sobre a obrigatoriedade de terem o documento, ante o silêncio inexplicável das associações e conselhos da categoria.
Apenas lá na frente, quando houver soluções tecnológicas adequadas e não-burocratizantes, se pretende estender o PPP para todas as empresas, explica Helmut.
Ponto apontado por Candeias é o risco de o PPP estigmatizar o trabalhador -já que os futuros empregadores poderiam recusar trabalhadores que já tenham sido expostos a condições nocivas de trabalho. Helmut esclarece que o documento é exclusivo do trabalhador, é sigiloso e o empregador está proibido de exigi-lo de quem vai ser contratado.
Os objetivos do PPP serão a constituição de um banco de dados nacional sobre a saúde do trabalhador, visando, de um lado, prevenir as doenças do trabalho; de outro, liquidar com a indústria da aposentadoria especial -muito comum nos anos 90.
Outro ponto verificado é reduzir a indústria de papel, dos escritórios de aventureiros que se especializaram em preenchimento de papéis, criando uma indústria nociva, antieconômica, sob o silêncio inexplicável das associações de classe e das empresas sérias do setor. Nesse sentido, não se vislumbra uma ação clara do setor público.
Se o setor quiser ganhar seriedade, terá que começar a agir pesadamente para coibir os abusos. O mesmo deveriam fazer as autoridades responsáveis pela área.

Segurança pública
Os programas policiais sensacionalistas têm sido criticados pelo baixo nível. O buraco é mais em baixo. Está se criando uma aliança espúria entre a "banda podre" da polícia -aquela que não tem escrúpulos em demonstrar truculência- e esses programas. Qual o poder dentro da corporação do qual se reveste um delegado ou investigador apoiado por programas que atingem centenas de milhares de telespectadores? Não é mais nem questão de ética nos meios de comunicação: é questão se segurança pública.

E-mail -
Luisnassif@uol.com.br


Texto Anterior: Análise: Um trimestre e tanto
Próximo Texto: Acordo: Mercosul "copiará" meta de inflação do Brasil
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.