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GUERRA VERDE
Recesso deve atrasar votação no Congresso
Lula pede urgência, mas lei dos transgênicos deve ficar para abril
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O projeto da nova lei de biossegurança, com regras para autorizar atividades que envolvam
transgênicos, foi enviado ontem
ao Congresso pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva com um
pedido de urgência na votação.
Os deputados e senadores terão
90 dias para debater o projeto.
Mas, como haverá recesso parlamentar durante o período, a votação pode ficar para abril, apenas
cinco meses antes do início do
plantio da nova safra de soja -ou
dois meses, contabilizado o prazo
de regulamentação da lei.
A lei estabelece um ritual de
aproximadamente um ano entre
o pedido e a autorização para atividades que envolvam transgênicos. A palavra final caberá a um
conselho de ministros, batizado
de CNBS (Conselho Nacional de
Biossegurança).
O CNBS se manifestará só se
houver parecer favorável da
CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) e dos órgãos de registro e fiscalização para
autorizar o cultivo, a manipulação, a comercialização, a pesquisa
ou o consumo de transgênicos. Se
o pedido for negado pela CTNBio,
ele será arquivado.
O texto prevê pena de até três
anos de reclusão para quem plantar, comercializar ou transportar
transgênicos sem autorização. Os
responsáveis por danos ao meio
ambiente ficarão sujeitos a multas
de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão.
A proposta reacendeu as discussões de especialistas sobre o caso.
Nida Coimbra, consultora ambiental e chefe da Comissão de
Meio Ambiente da Câmara Americana de Comércio-SP, disse que
"poucas vezes se viu um emaranhado burocrático tão grande para contentar gregos e troianos".
Leila Oda, presidente da Associação Nacional de Biossegurança, diz que não faz sentido o fato
de apenas o CNBS poder dar parecer final às solicitações de liberação de pesquisa e desenvolvimento de transgênicos.
Soja liberada
O superintendente dos portos
de Paranaguá e Antonina, no Estado do Paraná, Eduardo Requião, anunciou ontem que será
liberado até o dia 25 o embarque
das cerca de 70 mil toneladas de
soja transgênica que os técnicos
localizaram nos armazéns.
É o primeiro "furo" à lei estadual que proíbe desde o plantio
até a exportação de transgênicos,
assinada por seu irmão, o governador Roberto Requião (PMDB),
na segunda-feira.
O anúncio do fim do embargo
aconteceu depois de três reuniões
de Eduardo Requião com operadores de terminais privados no
porto. Os agenciadores das cargas
ameaçavam a superintendência
de processo indenizatório.
A Agência Folha apurou que
Requião liberou o estoque orientado por advogados. O fato de a
apreensão ter acontecido em carregamento armazenado antes da
promulgação da lei deixaria o governo sem argumento na Justiça.
(MARTA SALOMON)
Colaboraram Adriana Mattos,
da Reportagem Local, e Mari Tortato,
da Agência Folha, em Curitiba
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