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São Paulo, segunda-feira, 01 de dezembro de 2003

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Previdência privada engorda lucro dos bancos

FABRICIO VIEIRA
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem somente de aplicações em títulos do governo, de intermediação financeira e de tarifas de serviços vivem os bancos. Balanços e demonstrativos confirmam a tendência de expansão da participação de receitas de previdência privada nos resultados dessas instituições.
No Banco do Brasil, maior instituição financeira do país, as receitas dos planos de previdência privada passaram de R$ 256,9 milhões no terceiro trimestre de 2002 para R$ 431,27 milhões no mesmo período deste ano.
Significa um aumento de 67,9%, o mais expressivo dentro de uma rubrica em que estão incluídos seguros (aumento de receita de 6,03% no período) e capitalização (21,43%).
De janeiro a outubro deste ano, a Brasilprev (subsidiária de seguros e previdência do banco) teve uma arrecadação 44,97% superior à do mesmo período do ano passado. Nos dez primeiros meses de 2002, arrecadara R$ 797,4 milhões. Em 2003, o acumulado saltou para R$ 1,156 bilhão.
No Bradesco, maior entre os bancos privados, o fator previdência privada (acrescido de seguro e de capitalização) respondeu por 28% (ou R$ 158 milhões) do lucro de R$ 564 milhões registrado no terceiro trimestre.
Essa contribuição (para o lucro) ficara em 25% no segundo trimestre de 2003. E não havia superado os 20% no terceiro trimestre do ano passado.

16% do PIB
Segundo números da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), o setor de previdência complementar movimenta 16% do PIB (Produto Interno Bruto, o total de riquezas produzidas pelo país).
Analistas do setor, estimam que em uma década esses fundos de previdência terão acumulado cerca de 32% do PIB brasileiro -ou seja, dobrado.
"A concorrência ainda é muito pequena neste segmento. Quem têm se beneficiado são os grandes bancos que, por meio de suas seguradoras, atraem muita gente para os planos de previdência", afirma Sérgio Machado, gestor de renda fixa da Santa Fé Portfólios.
O executivo explica que, por serem mais elevadas que as dos fundos DI e de renda fixa, as taxas administrativas desses planos de previdência asseguram ganhos consideráveis para as instituições.
Pelo menos no item expansão (em percentuais), BB e Bradesco encontraram neste ano um rival de peso: a CEF (Caixa Econômica Federal).
Segundo sua assessoria, confrontado o período de janeiro a setembro de 2002 com igual tempo neste ano, houve um aumento de 280% nas receitas relativas aos produtos de previdência privada.
Seguiu a contramão de outros produtos de ""fidelização" do banco estatal (seguros e cartões de crédito), que apresentaram queda -no balanço da CEF, no entanto, todas as receitas com produtos são divulgados de maneira global, ou seja, não é possível discriminar qual a participação de cada um deles. A direção da CEF informa que discriminar cada item em valores contraria sua estratégia de mercado.

Mercado em expansão
O assombroso crescimento desse segmento, impulsionado pela reforma da Previdência, estimulou a entrada de novos concorrentes.
Na sexta-feira, a Nossa Caixa ingressou no grupo ofertando os dois principais produtos: o PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) e o VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres).
""Os dois já representam mais de 70% do faturamento do setor de previdência aberta no Brasil, o que estimula a entrada nesse segmento", lembra Jorge Luiz Ávila, diretor do banco.
As receitas dos planos de previdência privada tiveram crescimento de mais de 62% nos primeiros nove meses deste ano, em relação ao mesmo período de 2002, como mostram dados da Anapp (Associação Nacional da Previdência Privada).
Até setembro, os brasileiros depositaram R$ 9,84 bilhões nas carteiras das instituições financeiras que oferecem planos de previdência privada, volume maior que toda a captação de 2002, que ficou em R$ 9,80 bilhões.


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