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Previdência privada engorda lucro dos bancos
FABRICIO VIEIRA
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem somente de aplicações em
títulos do governo, de intermediação financeira e de tarifas de
serviços vivem os bancos. Balanços e demonstrativos confirmam
a tendência de expansão da participação de receitas de previdência
privada nos resultados dessas instituições.
No Banco do Brasil, maior instituição financeira do país, as receitas dos planos de previdência privada passaram de R$ 256,9 milhões no terceiro trimestre de
2002 para R$ 431,27 milhões no
mesmo período deste ano.
Significa um aumento de 67,9%,
o mais expressivo dentro de uma
rubrica em que estão incluídos seguros (aumento de receita de
6,03% no período) e capitalização
(21,43%).
De janeiro a outubro deste ano,
a Brasilprev (subsidiária de seguros e previdência do banco) teve
uma arrecadação 44,97% superior à do mesmo período do ano
passado. Nos dez primeiros meses de 2002, arrecadara R$ 797,4
milhões. Em 2003, o acumulado
saltou para R$ 1,156 bilhão.
No Bradesco, maior entre os
bancos privados, o fator previdência privada (acrescido de seguro e de capitalização) respondeu por 28% (ou R$ 158 milhões)
do lucro de R$ 564 milhões registrado no terceiro trimestre.
Essa contribuição (para o lucro)
ficara em 25% no segundo trimestre de 2003. E não havia superado
os 20% no terceiro trimestre do
ano passado.
16% do PIB
Segundo números da Anbid
(Associação Nacional dos Bancos
de Investimento), o setor de previdência complementar movimenta 16% do PIB (Produto Interno Bruto, o total de riquezas
produzidas pelo país).
Analistas do setor, estimam que
em uma década esses fundos de
previdência terão acumulado cerca de 32% do PIB brasileiro -ou
seja, dobrado.
"A concorrência ainda é muito
pequena neste segmento. Quem
têm se beneficiado são os grandes
bancos que, por meio de suas seguradoras, atraem muita gente
para os planos de previdência",
afirma Sérgio Machado, gestor de
renda fixa da Santa Fé Portfólios.
O executivo explica que, por serem mais elevadas que as dos fundos DI e de renda fixa, as taxas administrativas desses planos de
previdência asseguram ganhos
consideráveis para as instituições.
Pelo menos no item expansão
(em percentuais), BB e Bradesco
encontraram neste ano um rival
de peso: a CEF (Caixa Econômica
Federal).
Segundo sua assessoria, confrontado o período de janeiro a
setembro de 2002 com igual tempo neste ano, houve um aumento
de 280% nas receitas relativas aos
produtos de previdência privada.
Seguiu a contramão de outros
produtos de ""fidelização" do banco estatal (seguros e cartões de
crédito), que apresentaram queda
-no balanço da CEF, no entanto,
todas as receitas com produtos
são divulgados de maneira global,
ou seja, não é possível discriminar
qual a participação de cada um
deles. A direção da CEF informa
que discriminar cada item em valores contraria sua estratégia de
mercado.
Mercado em expansão
O assombroso crescimento desse segmento, impulsionado pela
reforma da Previdência, estimulou a entrada de novos concorrentes.
Na sexta-feira, a Nossa Caixa ingressou no grupo ofertando os
dois principais produtos: o PGBL
(Plano Gerador de Benefícios Livres) e o VGBL (Vida Gerador de
Benefícios Livres).
""Os dois já representam mais de
70% do faturamento do setor de
previdência aberta no Brasil, o
que estimula a entrada nesse segmento", lembra Jorge Luiz Ávila,
diretor do banco.
As receitas dos planos de previdência privada tiveram crescimento de mais de 62% nos primeiros nove meses deste ano, em
relação ao mesmo período de
2002, como mostram dados da
Anapp (Associação Nacional da
Previdência Privada).
Até setembro, os brasileiros depositaram R$ 9,84 bilhões nas carteiras das instituições financeiras
que oferecem planos de previdência privada, volume maior que toda a captação de 2002, que ficou
em R$ 9,80 bilhões.
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