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Unipar e Petrobras criam nova empresa
Companhia reunirá ativos petroquímicos dos dois sócios no Sudeste e contará com participação de 40% da estatal
Roberto Garcia, presidente da Unipar, afirma que a Petrobras terá "posição minoritária relevante"
na nova petroquímica
RAQUEL ABRANTES
DA SUCURSAL DO RIO
Petrobras, Braskem e Unipar
anunciaram ontem acordos
que mudam o perfil do setor
petroquímico brasileiro em alguns meses, consolidando forte
presença estatal nessas duas últimas empresas. Segundo os
agentes envolvidos, o acordo
visa aumentar a escala de produção em um segmento que enfrenta dificuldade de crescimento em razão de conflitos
societários que emperravam as
decisões.
A Braskem, maior petroquímica da América Latina, ganhou a Petrobras como sócia
minoritária relevante, com
25% do capital total. Os ativos
petroquímicos da região Sudeste, capitaneados pela Unipar,
foram reunidos em uma empresa ainda sem nome da qual a
Petrobras terá 40%.
Especialistas se dividem sobre os reflexos da operação,
vendo desde risco de interesses
políticos sendo postos acima
dos interesses dos acionistas
até exercício legítimo do Estado de investidor estratégico no
setor.
A consolidação não incluiu,
no primeiro momento, o Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro (Comperj), em fase de
construção e que será objeto de
futura negociação, segundo o
presidente da Petrobras, José
Sergio Gabrielli. O executivo
não teme problemas com os órgãos de defesa da concorrência.
"Não tem conflito. Não somos
controladores de nenhuma delas", afirmou.
As participações da Unipar,
de 60% da nova empresa, e a da
Petrobras poderão ser alteradas se o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) exercer o direito de preferência sobre sua
participação na Riopol, empresa que ficou dentro da nova
companhia do Sudeste e que
vai desaparecer com a integração.
O BNDES, por meio da
BNDESPar, possui 16,7% na
Riopol, fabricante de polietilenos, e ficaria com 25% se o direito de preferência na operação de integração for exercido.
Essa operação daria ao banco
cerca de 6% de participação na
nova companhia do Sudeste.
"Se isso ocorrer, Petrobras e
Unipar terão uma participação
um pouco menor, mas não existe risco de se somarem as ações
do BNDES e da Petrobras e ter
mais de 50%. A empresa futura
vai ser privada", declarou Gabrielli.
"As empresas farão suas decisões estratégicas separadamente e vamos receber os dividendos das duas", afirmou.
"Minoritário relevante"
O presidente da Unipar, Roberto Garcia, disse que a Petrobras terá uma "posição minoritária relevante" na nova petroquímica e que a gestão da empresa ficará a cargo do Conselho de Administração, que formulará as políticas de tomada
de decisão.
"Não existe nenhuma condição predeterminada de indicação de diretoria por nenhuma
das empresas. Os executivos
serão selecionados pelo padrão
de eficiência do mercado", declarou Garcia.
A Petrobras pagou R$ 2,1 bilhões pela Suzano Petroquímica, que será incorporada à nova
companhia, mas ainda vai receber R$ 495 milhões pela venda
de ativos da Suzano antes da
criação da petroquímica. A estatal também ganha R$ 194 milhões da Unipar pela venda da
participação na Rio Polímeros.
O diretor de abastecimento
da Petrobras, Paulo Roberto
Costa, informou que a Nova
Companhia Petroquímica será
uma empresa fechada, podendo abrir capital posteriormente. "A Petrobras agrega valor integrando o segmento de refino
e petroquímica, como acontece
cada vez mais no mundo inteiro", destacou.
A Petrobras vai entrar com a
participação acionária na Suzano Petroquímica (97,3 milhões
de ações ordinárias, ON, e 75,2
milhões de preferenciais, PN) e
na Petroquímica União (8,7 milhões de ON e 8,7 milhões de
PN).
A Unipar vai aportar o total
de R$ 380 milhões para atingir
os 60% da nova empresa e as
participações na Rio Polímeros
(423,9 milhões de papéis ON e
96 PN), na Petroquímica União
(27 milhões de ações ordinárias
e 23,9 milhões de preferenciais) e na Polietilenos União
(48,2 milhões de ON), além de
todos os seus bens, direitos e
obrigações da Unipar Divisão
Química.
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