São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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Unipar e Petrobras criam nova empresa

Companhia reunirá ativos petroquímicos dos dois sócios no Sudeste e contará com participação de 40% da estatal

Roberto Garcia, presidente da Unipar, afirma que a Petrobras terá "posição minoritária relevante" na nova petroquímica

RAQUEL ABRANTES
DA SUCURSAL DO RIO

Petrobras, Braskem e Unipar anunciaram ontem acordos que mudam o perfil do setor petroquímico brasileiro em alguns meses, consolidando forte presença estatal nessas duas últimas empresas. Segundo os agentes envolvidos, o acordo visa aumentar a escala de produção em um segmento que enfrenta dificuldade de crescimento em razão de conflitos societários que emperravam as decisões.
A Braskem, maior petroquímica da América Latina, ganhou a Petrobras como sócia minoritária relevante, com 25% do capital total. Os ativos petroquímicos da região Sudeste, capitaneados pela Unipar, foram reunidos em uma empresa ainda sem nome da qual a Petrobras terá 40%.
Especialistas se dividem sobre os reflexos da operação, vendo desde risco de interesses políticos sendo postos acima dos interesses dos acionistas até exercício legítimo do Estado de investidor estratégico no setor.
A consolidação não incluiu, no primeiro momento, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em fase de construção e que será objeto de futura negociação, segundo o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli. O executivo não teme problemas com os órgãos de defesa da concorrência. "Não tem conflito. Não somos controladores de nenhuma delas", afirmou.
As participações da Unipar, de 60% da nova empresa, e a da Petrobras poderão ser alteradas se o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) exercer o direito de preferência sobre sua participação na Riopol, empresa que ficou dentro da nova companhia do Sudeste e que vai desaparecer com a integração.
O BNDES, por meio da BNDESPar, possui 16,7% na Riopol, fabricante de polietilenos, e ficaria com 25% se o direito de preferência na operação de integração for exercido. Essa operação daria ao banco cerca de 6% de participação na nova companhia do Sudeste.
"Se isso ocorrer, Petrobras e Unipar terão uma participação um pouco menor, mas não existe risco de se somarem as ações do BNDES e da Petrobras e ter mais de 50%. A empresa futura vai ser privada", declarou Gabrielli.
"As empresas farão suas decisões estratégicas separadamente e vamos receber os dividendos das duas", afirmou.

"Minoritário relevante"
O presidente da Unipar, Roberto Garcia, disse que a Petrobras terá uma "posição minoritária relevante" na nova petroquímica e que a gestão da empresa ficará a cargo do Conselho de Administração, que formulará as políticas de tomada de decisão.
"Não existe nenhuma condição predeterminada de indicação de diretoria por nenhuma das empresas. Os executivos serão selecionados pelo padrão de eficiência do mercado", declarou Garcia.
A Petrobras pagou R$ 2,1 bilhões pela Suzano Petroquímica, que será incorporada à nova companhia, mas ainda vai receber R$ 495 milhões pela venda de ativos da Suzano antes da criação da petroquímica. A estatal também ganha R$ 194 milhões da Unipar pela venda da participação na Rio Polímeros.
O diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, informou que a Nova Companhia Petroquímica será uma empresa fechada, podendo abrir capital posteriormente. "A Petrobras agrega valor integrando o segmento de refino e petroquímica, como acontece cada vez mais no mundo inteiro", destacou.
A Petrobras vai entrar com a participação acionária na Suzano Petroquímica (97,3 milhões de ações ordinárias, ON, e 75,2 milhões de preferenciais, PN) e na Petroquímica União (8,7 milhões de ON e 8,7 milhões de PN).
A Unipar vai aportar o total de R$ 380 milhões para atingir os 60% da nova empresa e as participações na Rio Polímeros (423,9 milhões de papéis ON e 96 PN), na Petroquímica União (27 milhões de ações ordinárias e 23,9 milhões de preferenciais) e na Polietilenos União (48,2 milhões de ON), além de todos os seus bens, direitos e obrigações da Unipar Divisão Química.


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