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TELEFONIA
Sistema GSM acaba permitindo uso de aparelho roubado com outro chip
Novo celular tem falha de segurança
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A estréia das novas operadoras
Oi e TIM em 2002 inaugurou o
sistema GSM de telefonia celular
no Brasil, apresentado como a
mais moderna tecnologia para esse tipo de serviço.
O GSM trabalha com um chip
destacável (SIM card) nos celulares, que permite aos clientes trocar de aparelho sem mudar o número de telefone. Essa facilidade
tem, no entanto, seu outro lado da
moeda: o sistema contra roubo
dos aparelhos é bastante frágil.
Operadoras como a BCP e Telesp Celular, por exemplo, trabalham com as tecnologias TDMA e
CDMA e podem bloquear os aparelhos roubados logo após serem
avisadas pelos clientes. Isso porque trabalham com o código de
identificação do celular, que é registrado no momento da habilitação da linha.
A TIM e a Oi, no entanto, apresentam brechas na segurança. Seu
sistema GSM trabalha com dois
códigos de segurança: o do chip e
do aparelho.
Esse último não tem sido registrado no banco de dados das operadoras, o que dificulta ou até impede o bloqueio de celulares roubados.
"A portabilidade dos celulares
GSM é muito boa, pois permite
que o usuário mantenha o mesmo
número [de telefone] na troca de
aparelhos. Basta retirar o chip.
Mas essa facilidade representa
também uma vulnerabilidade do
sistema", afirma à Folha Michel
Yacoub, especialista em comunicação sem fio da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
A TIM, que tem autorização para operar em todo o Brasil, só consegue bloquear o chip dos celulares de seus clientes. Portanto o
aparelho pode ser usado por tempo indefinido pelo ladrão, desde
que ele coloque outro chip (vendido pela TIM por R$ 35 e R$ 45).
A Oi, que tem autorização para
operar em 16 Estados, como Rio
de Janeiro e Minas Gerais, trabalha com um sistema de segurança
um pouco melhor.
O usuário consegue inabilitar o
chip do celular com uma chamada para a operadora, mas precisa
ter em mãos o código de identificação do aparelho para também
bloqueá-lo.
Poucos usuários sabem o número desse código. Para obtê-lo, é
preciso checar os documentos do
celular.
Essas brechas na segurança
contra roubo no sistema GSM
usado no Brasil não são nada desprezíveis. Os preços de um aparelho GSM variam de R$ 199 a R$
5.000. A Oi e a TIM têm divulgado
estimativas de que 2002 deve fechar com cerca de 1,6 milhão de
celulares GSM habilitados pelas
duas operadoras.
Tentando solução
A TIM, que tem o sistema mais
vulnerável contra roubo, afirma à
Folha que está trabalhando para
tentar resolver o problema.
"Estamos fechando um consórcio para desenvolvimento de tecnologia de segurança com a Oi.
Poderemos bloquear os celulares
roubados a partir de fevereiro",
diz Mauro Reyes, gerente contra
fraudes da operadora.
Esse tipo de problema poderia
ser minimizado se as operadoras
cobrissem o prejuízo causado por
um roubo de celular. A Oi, assim
como a Telesp Celular e a BCP,
oferece seguros antifurto para os
aparelhos que vende. Variam de
R$ 4,99 a R$ 12,99 por mês.
O problema é que o seguro muita vez é coberto somente com a
apresentação de um boletim de
ocorrência. O cliente que tenha
esquecido o celular em algum lugar, por exemplo, não costuma ter
direito ao ressarcimento. Uma
franquia de R$ 100 pode também
ser cobrada. A TIM não oferece
seguro antifurto de celulares.
Para Severino Camilo, gerente
sênior de desenvolvimento de negócios da Qualcomm (fabricante
de equipamento para rede de
CDMA e GSM), as falhas de segurança contra roubos de celulares
GSM podem ser eliminadas.
"Basta que o chip do celular tenha
também o código do aparelho."
Sem clonagem
Por outro lado, tanto a TIM
quanto a Telemar, que opera a Oi,
afirmam que o GSM é totalmente
seguro no que diz respeito à clonagem de números de celulares.
Um problema que afeta usuários
de outros tipos de sistema de telefonia móvel, como o CDMA.
A clonagem de linhas de celular
é mais comumente realizada em
locais com grande movimento de
pessoas, como aeroportos ou rodoviárias. Por isso, as operadoras
das bandas A e B, que não usam a
tecnologia GSM, têm orientado
seus clientes a desligar seus aparelhos quando estão nesses locais.
Os casos de telefones móveis de
autoridades clonados se tornaram comuns. No ano passado, os
celulares do então ministro da
Justiça, Aloysio Nunes, da então
secretária nacional de Justiça, Elizabeth Sussekind, e do assessor de
imprensa do ministério na época
chegaram a ser clonados na mesma semana em que a pasta discutia como evitar o uso de telefones
móveis em crimes.
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