São Paulo, terça-feira, 02 de janeiro de 2007

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Bernardo diz que país pode ter juros de 6%

Afinados com o presidente, ministros reafirmam meta de crescimento de 5% para 2007 durante cerimônia de posse

No discurso de posse, Lula disse que não é possível haver crescimento se o custo do capital supera a taxa de retorno dos negócios

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ontem durante a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Planalto que todas as condições estão dadas para que o Brasil tenha juros reais de 6% a 7% ao ano. Bernardo não disse quando isso será possível. A taxa básica dos juros está em 13,25% -quase 9% reais, ou seja, descontando a inflação. É a maior taxa real do mundo.
A declaração de Bernardo foi dada em reação ao discurso de Lula no Congresso, em que o presidente disse que "nenhum país consegue ter uma política sólida de crescimento se o custo de capital, ou seja, o juro, for mais alto do que as taxas médias de retorno dos negócios".
Para Bernardo, o Brasil "tem indicadores fantásticos, a balança comercial tem dado saltos extraordinários e todas as condições, portanto, para baixar os juros". Ele negou, porém, que tenha havido uma "ordem" do presidente nesse sentido: "Não se baixa juros por ordem".

Crescimento
Mesmo sem saber se continuarão no governo, a maioria dos ministros que acompanhou a posse chegou ao Congresso afinada com o discurso de Lula de que a prioridade do novo mandato é "destravar o país e crescer".
Todos os ministros da área econômica acompanharam de perto a fala do presidente e, na saída da cerimônia, o tom foi uníssono: a meta principal é atingir 5% do crescimento da economia em 2007.
"As opções estabelecidas oferecem a possibilidade de um crescimento mais acelerado", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que, hoje, deve anunciar os novos números de superávit primário (economia para pagar juros).
"As condições econômicas são muito positivas para o país crescer de modo mais acelerado, com inflação baixa", disse Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência).
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que resumia suas expectativas em uma frase: "É a oportunidade de fazer o país crescer, desenvolver e distribuir renda".
O coordenador político do governo, ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), foi mais enfático. "O que o presidente tem dito é que vai buscar criar condições institucionais de destravamento do Estado para chegarmos a 5% [de crescimento]. A proposta do presidente norteia o comportamento da equipe econômica, mas pode ser 5,1% ou 4,9%. O importante é que seja muito superior ao do primeiro governo", afirmou.
Sobre a convivência com o Congresso, Tarso disse ainda que no novo mandato é preciso estabelecer "uma nova relação com os parlamentares, inclusive da base". Segundo ele, o governo não pode repetir o que chamou de "erros e equívocos, alguns até históricos". Ele não quis apontar, entretanto, quais foram esses erros.

Meio ambiente
Colocada numa saia-justa devido às críticas de que as questões ambientais têm gerado entraves para a política desenvolvimentista, a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) preferiu elogiar "conquistas" anteriores. "Queremos que o país cresça com sustentabilidade econômica, social, cultural e ambiental. Temos uma excelente legislação em implementação e nos últimos quatro anos conseguimos bons frutos em função dessa legislação."


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