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Bernardo diz que país pode ter juros de 6%
Afinados com o presidente, ministros reafirmam meta de crescimento de 5% para 2007 durante cerimônia de posse
No discurso de posse, Lula
disse que não é possível haver crescimento se o custo do capital supera a taxa
de retorno dos negócios
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo, disse ontem
durante a posse do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva no
Planalto que todas as condições
estão dadas para que o Brasil
tenha juros reais de 6% a 7% ao
ano. Bernardo não disse quando isso será possível. A taxa básica dos juros está em 13,25%
-quase 9% reais, ou seja, descontando a inflação. É a maior
taxa real do mundo.
A declaração de Bernardo foi
dada em reação ao discurso de
Lula no Congresso, em que o
presidente disse que "nenhum
país consegue ter uma política
sólida de crescimento se o custo de capital, ou seja, o juro, for
mais alto do que as taxas médias de retorno dos negócios".
Para Bernardo, o Brasil "tem
indicadores fantásticos, a balança comercial tem dado saltos extraordinários e todas as
condições, portanto, para baixar os juros". Ele negou, porém,
que tenha havido uma "ordem"
do presidente nesse sentido:
"Não se baixa juros por ordem".
Crescimento
Mesmo sem saber se continuarão no governo, a maioria
dos ministros que acompanhou
a posse chegou ao Congresso
afinada com o discurso de Lula
de que a prioridade do novo
mandato é "destravar o país e
crescer".
Todos os ministros da área
econômica acompanharam de
perto a fala do presidente e, na
saída da cerimônia, o tom foi
uníssono: a meta principal é
atingir 5% do crescimento da
economia em 2007.
"As opções estabelecidas oferecem a possibilidade de um
crescimento mais acelerado",
disse o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, que, hoje, deve
anunciar os novos números de
superávit primário (economia
para pagar juros).
"As condições econômicas
são muito positivas para o país
crescer de modo mais acelerado, com inflação baixa", disse
Luiz Dulci (Secretaria Geral da
Presidência).
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que
resumia suas expectativas em
uma frase: "É a oportunidade
de fazer o país crescer, desenvolver e distribuir renda".
O coordenador político do
governo, ministro Tarso Genro
(Relações Institucionais), foi
mais enfático. "O que o presidente tem dito é que vai buscar
criar condições institucionais
de destravamento do Estado
para chegarmos a 5% [de crescimento]. A proposta do presidente norteia o comportamento da equipe econômica, mas
pode ser 5,1% ou 4,9%. O importante é que seja muito superior ao do primeiro governo",
afirmou.
Sobre a convivência com o
Congresso, Tarso disse ainda
que no novo mandato é preciso
estabelecer "uma nova relação
com os parlamentares, inclusive da base". Segundo ele, o governo não pode repetir o que
chamou de "erros e equívocos,
alguns até históricos". Ele não
quis apontar, entretanto, quais
foram esses erros.
Meio ambiente
Colocada numa saia-justa
devido às críticas de que as
questões ambientais têm gerado entraves para a política desenvolvimentista, a ministra
Marina Silva (Meio Ambiente)
preferiu elogiar "conquistas"
anteriores. "Queremos que o
país cresça com sustentabilidade econômica, social, cultural e
ambiental. Temos uma excelente legislação em implementação e nos últimos quatro anos
conseguimos bons frutos em
função dessa legislação."
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