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Bolsa Família influenciou em 2006, diz estudo
DA REPORTAGEM LOCAL
Baseados na experiência eleitoral de 2006, estudos acadêmicos mostram uma forte correlação entre a ampliação de
programas sociais, a melhora
dos indicadores sociais e a intenção de voto dos eleitores.
Segundo trabalho do economista Maurício Canêdo Pinheiro, da Fundação Getulio Vargas, o impacto do Bolsa Família
na reeleição do presidente Lula
em 2006 foi superior ao gerado
pelo desempenho da economia.
A pesquisa mostra que o programa foi responsável por um
aumento de cerca de três pontos percentuais na votação de
Lula no segundo turno de
2006. Já o crescimento econômico foi responsável por um
aumento de 0,34 ponto.
O autor fez análises estatísticas comparando os resultados
eleitorais nos municípios antes
e depois do Bolsa Família, assim como o crescimento dos
quatro primeiros anos do governo Lula com os quatro últimos anos do tucano Fernando
Henrique Cardoso.
Embora o trabalho não explique por que Lula teve um desempenho pior no primeiro
turno das eleições em 2006,
diante de uma votação surpreendente do adversário Geraldo Alckmin, suas conclusões
apontam, com clareza, a migração da base eleitoral de Lula,
entre 2002 e 2006, para regiões
mais beneficiadas por programas de transferência de renda.
Caneta oficial
Como Lula não é candidato
em 2010, resta saber se o fortalecimento da rede de proteção
social será creditada pelos eleitores à sua candidata, a ministra Dilma Rousseff, ou diluída
entre todos os candidatos vistos pelos eleitores como defensores desses programas.
Mas essa é uma outra novela.
O que os estudos indicam é o
poder que a "caneta oficial"
tem, nos anos eleitorais, de
causar melhorias instantâneas
(às vezes transitórias) nos indicadores de miséria e de renda.
Segundo Marcelo Neri, coordenador do Centro de Políticas
Sociais da FGV, depois de 1986,
2006 constitui o melhor ano
isolado da série histórica de
queda na proporção de pessoas
abaixo da linha da miséria
(queda de 15% na população de
pessoas com renda per capita
inferior a R$ 125 mensais).
O curioso é que a melhoria
dos indicadores sociais no ano
ocorreu ainda que a desigualdade no país tenha permanecido praticamente estável.
"De maneira geral, 2006 se
destaca mais pelo crescimento
generalizado de renda para todos os estratos da população do
que pela redução da desigualdade", conclui o estudo "O real
de Lula", da FGV.
O trabalho da FGV mostra
que a renda de programas sociais é a que mais cresce em
pleitos eleitorais (com 22,57%
de aumento), seguida da renda
previdenciária (10,51%) e de
trabalho (3,16%). "O que indica
o uso de políticas de transferência de renda ao sabor do ciclo eleitoral", informa o estudo.
(MARCIO AITH)
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