São Paulo, sábado, 02 de janeiro de 2010

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Bolsa Família influenciou em 2006, diz estudo

DA REPORTAGEM LOCAL

Baseados na experiência eleitoral de 2006, estudos acadêmicos mostram uma forte correlação entre a ampliação de programas sociais, a melhora dos indicadores sociais e a intenção de voto dos eleitores.
Segundo trabalho do economista Maurício Canêdo Pinheiro, da Fundação Getulio Vargas, o impacto do Bolsa Família na reeleição do presidente Lula em 2006 foi superior ao gerado pelo desempenho da economia.
A pesquisa mostra que o programa foi responsável por um aumento de cerca de três pontos percentuais na votação de Lula no segundo turno de 2006. Já o crescimento econômico foi responsável por um aumento de 0,34 ponto.
O autor fez análises estatísticas comparando os resultados eleitorais nos municípios antes e depois do Bolsa Família, assim como o crescimento dos quatro primeiros anos do governo Lula com os quatro últimos anos do tucano Fernando Henrique Cardoso.
Embora o trabalho não explique por que Lula teve um desempenho pior no primeiro turno das eleições em 2006, diante de uma votação surpreendente do adversário Geraldo Alckmin, suas conclusões apontam, com clareza, a migração da base eleitoral de Lula, entre 2002 e 2006, para regiões mais beneficiadas por programas de transferência de renda.

Caneta oficial
Como Lula não é candidato em 2010, resta saber se o fortalecimento da rede de proteção social será creditada pelos eleitores à sua candidata, a ministra Dilma Rousseff, ou diluída entre todos os candidatos vistos pelos eleitores como defensores desses programas.
Mas essa é uma outra novela. O que os estudos indicam é o poder que a "caneta oficial" tem, nos anos eleitorais, de causar melhorias instantâneas (às vezes transitórias) nos indicadores de miséria e de renda.
Segundo Marcelo Neri, coordenador do Centro de Políticas Sociais da FGV, depois de 1986, 2006 constitui o melhor ano isolado da série histórica de queda na proporção de pessoas abaixo da linha da miséria (queda de 15% na população de pessoas com renda per capita inferior a R$ 125 mensais).
O curioso é que a melhoria dos indicadores sociais no ano ocorreu ainda que a desigualdade no país tenha permanecido praticamente estável.
"De maneira geral, 2006 se destaca mais pelo crescimento generalizado de renda para todos os estratos da população do que pela redução da desigualdade", conclui o estudo "O real de Lula", da FGV.
O trabalho da FGV mostra que a renda de programas sociais é a que mais cresce em pleitos eleitorais (com 22,57% de aumento), seguida da renda previdenciária (10,51%) e de trabalho (3,16%). "O que indica o uso de políticas de transferência de renda ao sabor do ciclo eleitoral", informa o estudo. (MARCIO AITH)


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