DA REDAÇÃO

O baixo nível de exportações do Brasil e da Argentina tornam esses países mais vulneráveis a crises financeiras, afirmou Anoop Singh, diretor do Departamento para o Hemisfério Ocidental do FMI (Fundo Monetário Internacional). Ainda na opinião do economista indiano, o Mercosul mais atrapalha do que ajuda os países do bloco comercial.
"Com certeza há um crescente consenso de que os custos do Mercosul superam de longe seus benefícios", afirmou Singh, durante um seminário promovido pelo Fundo, na sexta-feira.
Na visão do economista, o bloco comercial limitou a capacidade de ajuste dos países a crises econômicas. Fazem parte do Mercosul Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Chile e Bolívia são membros associados.
Os comentários feitos por Singh não são frequentes para um diretor do Fundo que esteja discutindo sua área de responsabilidade. A análise de que os países devem buscar a estabilidade financeira ampliando suas exportações também muda o foco das orientações do FMI, que tradicionalmente aconselha os países a se abrirem ao capital estrangeiro.
De acordo com Singh, as exportações equivalem a 18% do PIB (Produto Interno Bruto) dos países da região, cerca de metade do que é encontrado em países asiáticos. Assim, o Brasil e seu parceiros sul-americanos têm muito menos chances de tirar proveito de uma depreciação cambial, conseguindo mais dólares com o aumento das exportações, do que países como a Coréia do Sul.
Em um artigo recente, publicado pela Folha, o economista Martin Wolf, colunista do "Financial Times", já tratava do assunto. Wolf citava um estudo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e dizia que a Argentina e o Brasil, em comparação com os asiáticos, precisavam passar por uma retração econômica bem mais severa, com forte queda das importações, para alcançar a estabilidade nas contas externas.